O ex-jogador Richarlyson, após longo período de sofrimento, enfim sentiu-se à vontade para revelar, publicamente, sua bissexualidade.
Fez bem em fazê-lo.
Aliviará a pressão que, provavelmente, deveria estar sentindo ao longo dos anos e servirá de exemplo para os que, como ele, sofrem ou sofreram calados diante do preconceito, principalmente os jogadores de futebol.
Em quase todos os clubes existem atletas em silencioso e sufocante pedido de socorro diante da mesma situação.
Todos com medo.
Ricky, por exemplo, apesar de grande desempenho – a ponto de ser convocado para a Seleção Brasileira – era ridicularizado e ameaçado pela própria torcida do São Paulo, assim como pelos cartolas, que, em grande gesto de preconceito e canalhice, brigaram para não inseri-lo na famosa ‘calçada da fama’, localizada no estádio do Morumbi.
É pouco provável que jogadores em atividade, inseridos num contexto de discriminação – amparado pela cúpula da cartolagem, absolutamente conservadora – tenham coragem, em curto prazo, de saírem do armário.
O próprio Richarlyson sentiu-se seguro somente após pendurar as chuteiras.
Nos anos 80, o craque Cleo, ex-Internacional e Palmeiras, assumiu-se homossexual numa das edições, salvo engano, de Placar.
Sua carreira foi arruinada.
Vivemos tempos diferentes, se não no futebol, na sociedade.
A imprensa deveria cobrar ações efetivas dos dirigentes para que qualquer gesto preconceituoso seja passível de duras punições, seja ele de atletas, cartolas, torcedores ou jogadores.
Somente desta maneira, aliado a incentivos para a mudança da cultura machista existente no meio futebolístico (palestras, cursos, etc), os jogadores começarão a sentir-se seguros para não mais precisarem esconder a realidade de suas personalidades e desejos, impactando na melhora da convivência social com os companheiros e, consequentemente, no rendimento esportivo.
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