Marcos Chiarastelli

O ex-diretor de Finanças do Corinthians, Raul Corrêa da Silva, dono da BDO/RCS, tomou de assalto a gestão do Vitória/BA (finanças, marketing, etc), através do preposto Marcos Chiarastelli, que, durante quase nove anos (início de 2008 até quase o final de 2016) foi seu funcionário no clube de Parque São Jorge.

A execução da operação passava despercebida pelo clube baiano, até que, no último dia 09, o Blog do Paulinho publicou a nota intitulada “Ex-diretor do Corinthians pagou patrocínio ao Vitória”, coincidentemente no dia da reunião do Conselho Deliberativo, que serviu para alertar alguns conselheiros.

Ex-diretor financeiro do Corinthians pagou patrocínio ao Vitória

Em agosto deste ano, por manobra do conselheiro, Alberico Mascarenhas, em conjunto com o Deputado Federal José Rocha (PR), ex-presidente do Vitória, um dos que receberam doações eleitorais da CBF (no mínimo, R$ 150 mil, comprovados), Marcos Chiarastelli foi contratado para a importante responsabilidade de ser CEO do clube (Diretor Executivo), com funções amplas, desde cuidar das finanças, passando pelo marketing, até gerir recursos do futebol.

O atual mandatário do Vitória, Agenor Gordilho, auxiliado por seu primo, Paulo Catharino Gordilho Filho, pouco apita na gestão, assim como o presidente afastado, Ivã de Almeida, servindo apenas de intermediário, facilitador, dos interesses das personalidades descritas.

Dias após ser contratado (em 30 de agosto), Chiarastelli, em acordo com Alberico Mascarenhas e anuência do gerente jurídico, Hermano Gottschall Neto, inventaram uma concorrência, com direito a publicação de edital no jornal “A Tarde”, de Salvador, para a contratação de empresa que atuaria no clube como consultoria em implementação de modelo de gestão corporativa e estratégica.

O jogo, porém, era de cartas marcadas.

A comissão gestora da suposta concorrência era formada pelo trio: Marcos Chiarastelli (CEO do Vitória) – que presidia os trabalhos, Alberico Mascarenhas (que indiciou o dirigente) e o advogado Hermano Neto, que consagraram, no dia 04 de outubro, como vencedora, a BDO/RCS, que, para disfarçar a origem, foi tratada pelo nome fantasia “BDO Brazil”.

Hermano Gottschall Neto – gerente juridico

As letras “RCS”, que complementam o “BDO” são iniciais do nome de Raul Correa da Silva, patrão de Marcos na gestão financeira do Corinthians.

Para ter acesso à integra do documento de homologação da BDO no Vitória, assinado por Marcos Chiarastelli, clique no link a seguir:

Contratação da BDO pelo Vitória-BA

Nem bem iniciou os trabalhos na equipe baiana, e a BDO já, por conta da ingerência do ex-funcionário de Raul Corrêa no marketing rubronegro, inseriu na camisa o logo da empresa, como patrocinador:

A reunião do Conselho Deliberativo que desmascarou Marcos Chiarastelli e Raul Corrêa da Silva

Andrei Fucs – conselheiro do Vitória

No dia 09, à noite, alertado por reportagem do Blog do Paulinho indicando a ligação da BDO/RCS com Raul Corrêa da Silva, patrão de Marcos Chiarastelli, CEO do Vitória. o conselheiro Andrei Fucs acabou por desmascará-los.

Questionou a ligação do dirigente com o Corinthians, se este era subalterno de Corrêa e se havia participado, como decisor, da concorrência de contratação da referida empresa.

Sem ter para onde correr, Chiarastelli se viu obrigado a confirmar as informações.

Em seu socorro, durante a reunião, partiu o gerente jurídico Hermano Gottschall Neto (também envolvido na “concorrência”), que atestou a “licitude” da operação, mas deixou claro, esquivando-se, que “não sabia da ligação de Chiarastelli com Raul Corrêa”.

A defesa acabou por transformar-se, involuntariamente, em ataque.

Como de hábito fazia, quando apertado em reuniões do Conselho Deliberativo do Corinthians, Chiarastelli convidou conselheiros e associados para, “quando quisessem”, avaliar a documentação de seus procedimentos, como se não fosse especialista em ocultar rastros de desvios de conduta.

Vale a pena assistir, abaixo, trecho da reunião do Conselho Deliberativo do Vitória em que o conselheiro Andrei Fucs desmascarou os ex-dirigentes do Corinthians:

Gestão de Chiarastelli e Raul Correa no Corinthians foi acusada de “maquiar” balanços e levou quatro dirigentes a três indiciamentos criminais por sonegação fiscal

Felipe Ezabella, Raul Corrêa da Silva, Sergio Alvarenga e Fernando Alba

Raul Corrêa da Silva comandou a gestão financeira do Corinthians de 2007 até 2015 (presididas por Andres Sanches e Mario Gobbi), período em que foi acusado de diversas irregularidades, além de ter assinado quase todos os documentos, investigados pela “Operação Lava-Jato”, do negócio entre o clube e a Odebrecht, que hoje, sabe-se, ajudaram a superfaturar o estádio de Itaquera.

De 2008 até 2015, Chiarastelli foi seu braço direito, executor de ordens, planejador, dizem, também de alguns desvios de conduta.

Ambos assinavam, em exemplo, os então aclamados “Relatórios de Sustentabilidade”, que, sabe-se agora, eram mera peças de ficção:

Por conta destas prestações de contas, em que ambos adotaram a política de não pagar impostos, inserir como Receita empréstimos tomados em instituições financeiras, além doutras barbaridades, quatro dirigentes do Corinthians foram indiciados, criminalmente, no STF, em três ações que ainda tramitam no órgão: o próprio Raul Corrêa da Silva, o vice-presidente, André Negão, o ex-presidente, Andres Sanches e o atual, Roberto Andrade.

Para evitar a prisão dos cartolas, o Timão foi obrigado a tomar mais de R$ 100 milhões com bancos e federações, a juros acima do mercado, pagando parte da dívida e parcelando o restante, que vem tendo o cumprimento checado, a cada seis meses, pelo Supremo.

Caciques do Corinthians são indiciados criminalmente pela Justiça Federal

Corrêa e Chiarastelli não se acanhavam, também, em contratar ex-funcionários da BDO para auditar as contas do clube – alguns até apenados pela CVM, em evidente fraude.

Abaixo três exemplos destas condutas:

Auditor que assinou balanço do Corinthians teve registro cassado no CVM e tem histórico problemático na profissão

Contas do Corinthians foram, novamente, auditadas por “parceiro” do Diretor Financeiro

Os auditores das contas do Corinthians nas gestões Sanches e Gobbi. As “manipulações” de Raul Corrêa da Silva

Por conta desta política, de esconder impostos, o Corinthians foi também condenado pelo CARF a pagar R$ 347,4 milhões, entre multas e pendências:

Dívida escondida ? CARF condena Corinthians a pagar R$ 347,4 milhões em impostos

Marcos Chiarastelli foi demitido do Corinthians em 2016, após o novo diretor de finanças, Emerson Piovesan, não só constatar as fraudes, como comunicá-las, oficialmente, ao Conselho Deliberativo do clube, ocasião em que tratou as contas de Raul Corrêa da Silva como “maquiadas”, acusações, por si, absolutamente graves, comprovadas em documento exibido no link abaixo:

Financeiro do Corinthians escancara, em documento oficial, “maquiagem” de antecessor em balanço alvinegro

Suspeito de facilitar a vida da Odebrecht no contrato do estádio em Itaquera, Raul Corrêa também teve a vida facilitada pela construtora, recebendo, segundo fontes, R$ 5 milhões para “assessorá-la.

Saiba mais à respeito:

R$ 5 milhões: ex-diretor de finanças do Corinthians teria recebido “agrados” da ODEBRECHT

Além de comandar o Vitória/BA, através do ex-funcionário Marcos Chiarastelli, Raul Corrêa da Silva financia, no momento, o grupo “Corinthians Grande”, ex-Corinthianos Obsessivos, que lançou o advogado Felipe Ezabella como candidato á presidência alvinegra, com discurso de “modernidade”, “gestão”, “honestidade” e “mudanças”.

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