A preferida do Ministério do Esporte

ONG coordenada por vereadora do PCdoB, partido do ministro Orlando Silva, recebeu R$ 8,5 milhões em 2008 via Programa Segundo Tempo.

Valor supera a quantia repassada, no mesmo período, a entidades de 12 estados

Por IZABELLE TORRES

Uma organização não-governamental (ONG) localizada em Jaguariúna, no interior paulista, recebeu sozinha R$ 8,5 milhões, em 2008, por meio do Programa Segundo Tempo do Ministério do Esporte.

O valor é metade do que recebeu todo o estado de São Paulo e maior do que a soma que a pasta transferiu para outras 12 unidades da Federação no mesmo período.

Coincidência ou não, a ONG Bola pra Frente é coordenada pela ex-jogadora de basquete Karina Valéria Rodrigues, que no ano passado foi eleita vereadora pelo PCdoB: partido do ministro Orlando Silva.

Com os milhões em mãos para realizar ações sociais, Karina não apenas conseguiu se eleger mas também tem dado uma força aos planos políticos do ministro, que pretende disputar uma vaga na Câmara dos Deputados em 2010 e precisa contar com os votos do interior paulista.

A entidade atualmente está em outros 15 municípios vizinhos, e grande parte das inaugurações e festas do esporte promovidas por ela conta com a presença de Orlando Silva.

De acordo com dados levantados pela Associação Contas Abertas a pedido do Correio, o valor embolsado pela entidade em 2008 — em apenas duas parcelas, uma paga em janeiro e outra em maio — supera o montante que o Ministério do Esporte repassou para todas as entidades do Acre, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Pará, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins.

Esses estados, juntos, receberam R$ 8,3 milhões.

Na lista de beneficiados pelo Segundo Tempo, a ONG de Jaguariúna é a terceira colocada.

Perde apenas para o Comitê Olímpico Brasileiro, que recebeu R$ 28 milhões, e para a Confederação Brasileira de Futebol de Salão, que foi beneficiada com R$ 24,9 milhões.

Os municípios onde a ONG preferida do ministro tem se instalado possuem características em comum que pouco justificam o volume de recursos transferidos.

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