
Denise Boni de Mattos e Antonio Carlos Castanheira
Por decisão do desembargador Sérgio Pinto Martins, as mais de 300 ações trabalhistas em que a Portuguesa é reclamada serão unificadas.
Caíram todas as penhoras, menos as do estádio do Canindé.
Pelo novo acordo, a Lusa terá que destinar 30% de seu faturamento (não do lucro) para quitar, gradativamente, os calotes, sendo que o valor das mensalidades não pode ser inferior a R$ 250 mil.
Trata-se de uma impossibilidade fática.
Muito provavelmente, em havendo entrada de dinheiro, a parcela superará, subtraindo despesas, mais do que 50% do disponível na contabilidade do clube.
Ocorre que, há anos, o resultado contábil da Lusa nunca indica essa sobra.
Pelo contrário: os prejuízos se acumulam.
Por outro lado, partindo-se do princípio que, nesses casos, a Justiça Trabalhista não pode favorecer, apenas, o infrator, sob qualquer leitura e análise, a decisão do desembargador Martins é uma tragédia para os credores.
Muitos deles, os que mais tem a receber, se conseguirem, levarão décadas para ver a cor do dinheiro – se houver pagamento.
A conta é óbvia.
Ao final, no contexto real da Portuguesa, esse resultado, que vem sendo tratado como a ‘luz no fim do túnel’ do clube, sem mudança administrativa radical – inexistente nas últimas décadas, servirá apenas para protelar pendências antigas e, talvez, facilitar a vida pessoal da cartolagem.
Vale lembrar que, recentemente, o presidente da Portuguesa, Antonio Castanheira, ‘criou’ uma empresa que foi colocada em nome de preposto e vem sendo controlada pela sua vice-presidente, Denise, objetivando, dentre diversas possibilidades, justamente a de ocultar dinheiro que, por ordem judicial, deveria estar entrando no bolso de quem, há anos, tenta receber qualquer centavo devido pelo clube.