É pouco provável que o Vasco da Gama seja punido pela utilização do jogador Clayton, que estaria em desconformidade com a legislação ao figurar na súmula de três equipes diferentes na mesma edição do Campeonato Brasileiro.
Não porque teria razão, mas pela incompetência da própria CBF, que lhe concedeu aval à escalação.
Além disso, o texto do próprio regulamento da Casa Bandida, que coibiria o procedimento, pessimamente escrito, dá brecha a advogados para que possam colocar em dúvida a questão.
Segundo o art. 46 do Regulamento Geral de Competições:
“O atleta que já tenha atuado por 2 (dois) outros Clubes durante a temporada, em quaisquer das competições nacionais coordenadas pela CBF e integrante do calendário anual, não pode atuar por um terceiro Clube, mesmo que esteja regularmente registrado”
Diz também o art. 11 do regulamento deste Campeonato Brasileiro:
“Um atleta poderá, após o início do Campeonato, se transferir para outro clube da Série A, desde que tenha atuado em um número máximo de 6 (seis) partidas pelo clube de origem, sendo permitido que cada atleta mude de clube apenas uma vez”
Se a regra fosse Interpretada com decência, é óbvio que Clayton, inscrito na súmula de três equipes, Vasco, Bahia e Atlético/MG, ou seja, disponível para jogar, levar cartão amarelo, entre outras coisas, claramente estaria em situação irregular, com o clube cruzmaltino merecendo a punição de perda de pontos, prevista na regulamentação.
Mesmo não tendo entrado em campo pelo Galo, apenas ficado no banco de reservas.
Mas o fato da CBF ter errado ao confirmar a inscrição, aliada à dúbia interpretação (no campo jurídico, apenas) de que o termo ‘atuar’, inserido de maneira incompetente na Lei, somente seria válido com a entrada efetiva no campo de jogo, deverão quebrar o galho dos vascaínos.
Nada disso, porém, exime o presidente Campello da irresponsabilidade de permitir que o atleta fosse relacionado.
Pior: para fugir das críticas, além de citar o desejo dos adversários de ‘virada de mesa’, atacou, gratuitamente, a combalida Portuguesa, clube que sempre manteve bom relacionamento com o Vasco da Gama:
“E virada de mesa é algo que não cabe mais nos dias de hoje. Além do que, o Vasco não é a Portuguesa”
Desnecessário e indelicado.
Em resumo: no que a Lei intencionava dizer, o Vasco mereceria a punição, mas, diante da incapacidade da CBF de se fazer entender, claramente, num simples regulamento, as coisas deverão caminhar para a acomodação.