Assim como ocorreu com a gestão do delegado Mario Gobbi, que, apesar de eleito no Corinthians para se comportar como “poste” de Andres Sanches, revoltou-se e acabou por terminar o mandato sem trocar palavras com o antigo “padrinho”, a atual, Roberto Andrade, seguia pelo mesmo caminho, até topar com um processo de impeachment que obrigou-o, por conta do cabresto eleitoral de conselheiros, comandado pelo deputado, a ajoelhar-se, a contragosto, para o ex-presidente.

Gobbi expulsou André Negão e Mané da Carne, braços do parlamentar, de seu “governo”, venceu a Libertadores e o Mundial, e, na volta do Japão, nem bem pisou no Brasil, fortalecido politicamente, tratou de escorraçar Luis Paulo Rosenberg.

Andrade fechou-se com Alessandro (inimigo de Sanches) no departamento de futebol, expulsou Eduardo “Gaguinho” Ferreira (espécie de boneco de ventríloquo) do parlamentar, e ensaiou carreira solo na administração.

Vale a pena deixar claro, nenhum deles, “santos”, apenas querendo desmamar do “Criador”.

Sanches percebeu a oportunidade de retomar o controle sobre Andrade durante o processo de afastamento, que ajudou a eliminar sob forte chantagem.

Futebol profissional, categoria de base, departamento financeiro e marketing foram os pedidos para orientar a votação contra o impeachment.

Na departamento amador foi plenamente atendido, com a troca de bandidos antigos por outros, que passou a comandar, assim como no marketing, em que Rosenberg voltou agir, mesmo sem assinar.

Roberto manteve, porém, a totalidade do poder no departamento financeiro, local em que Sanches queria reconduzir Raul Corrêa da Silva, parceiro de confiança na assinatura de balanços que levaram dirigentes alvinegros a indiciamentos criminais e de acordos com a Odebrecht que estão na ‘Lava-Jato”.

A grande batalha política se deu no futebol, em que Andres Sanches fez as seguintes exigências:

  • Após a queda de Cristóvão, indicado pelo parlamentar, o treinador não poderia ser, novamente, Fabio Carille, mais próximo de Roberto Andrade, mas sim Osmar Loss, um dos “apadrinhados” do parlamentar;
  • Alessandro deveria ser demitido com a recondução imediata de Eduardo “Gaguinho”, mantendo Flavio Adauto, que em verdade funciona como “rainha da Inglaterra”;
  • Contratações deveriam ser realizadas com indicações de agentes parceiros do deputado;

Roberto Andrade, à muito custo, reconduziu Carille ao comando técnico da equipe, mas teve que engolir Loss como auxiliar, porque Andres Sanches acreditava no insucesso do primeiro, que levaria, automaticamente, à efetivação do segundo; manteve Alessandro atrelado em discurso de resultados, mas permitiu que o deputado se esbaldasse, como vem ocorrendo, em negociações marcadas pelas habituais obscuridades.

Acreditando no fracasso das reformulações, o ex-presidente do Corinthians errou a mão na política, e, para desvincular-se do departamento plantou na imprensa que “não mandava mais nada no futebol alvinegro”.

Foi um tiro no pé.

Carille demonstrou competência ao transformar um time montado com objetivos comerciais em sucesso esportivo, Alessandro se manteve no cargo e Sanches, que colou nos títulos do período Mario Gobbi, não poderá repetir a dose na gestão Roberto Andrade, que, com isso, vingou-se, silenciosamente, de quem o fez chorar, meses atrás, na chantagem do impeachment.

O leitor questionaria: “mas nas últimas eleições Gobbi não apoiou o candidato de Andres ?”

Sim, e Roberto deverá fazer o mesmo, porque no jogo do poder tudo é permitido, menos o suicídio político de quem mantém a mesma base de apoiadores.

Facebook Comments