Durante as gestões Belluzzo, Palaia e Tirone, os departamentos de futebol profissional e amador do Palmeiras serviram como verdadeiros quintais para empresários diversos, com forte incidência da DIS, de propriedade de Delci Sonda.
Todo o tipo de negócio era aceitável, mesmo os inaceitáveis.
Através de uma ação judicial, em que a DIS tenta cobrar o Palmeiras duas vezes pela mesma dívida – e perdeu – (para se ver o nível dos negociantes) tivemos acesso a uma dessas transações.
Em 17/07/2010, por intermediação de Gilberto Cipullo, então vice-presidente de futebol (o mesmo que foi flagrado com cheque de comissão de agente de jogadores em sua conta pessoal), o Palmeiras assinou um contrato com a DIS de empréstimo, no valor de R$ 1,8 milhão.
Valor que foi utilizado, integralmente, na aquisição de 70% dos direitos do jogador Tinga.
Porém, um dos fatores, entre tantos, que gera dúvidas no negócio, é que o atleta pertencia ao grupo em questão.
Ou seja, seria o mesmo que Delci Sonda, que é dono de supermercado, emprestasse dinheiro a qualquer um de nós, porém com a obrigação de fazer a compra do mês em sua empresa, com benefício mais do que evidente a si próprio.
Mas o absurdo não parou por ai.
Segundo o referido contrato, no mesmo dia em que tudo foi concretizado (empréstimo, compra de 70%), Cipullo autorizou a cessão de 50% sobre os 70% adquiridos pelo clube de volta para a DIS, como amortização da pendência.
Porém, em vez de R$ 900 mil, a DIS, benevolente – sabe-se lá por quais razões – amortizou R$ 1 milhão, ficando o clube ainda com pendência de R$ 800 mil.
Com a mudança de presidente, já na gestão Arnaldo Tirone, o Palmeiras acertou parcelamento do montante, nos seguintes termos:
– duas parcelas de R$ 45 mil, mais 16 parcelas de R$ 50 mil. com o total passando de R$ 800 mil para R$ 890 mil.
Como de hábito nos negócios firmados pelo grupo Tirone/Piraci/Frizzo, o acordado foi descumprido.
A DIS, então, ingressou com cobrança judicial no valor de R$ 1.130.674,34, em 08 de abril de 2013.
Um mês depois, a gestão do presidente Paulo Nobre (o terceiro presidente palmeirense no mesmo caso) sentou à mesa com a referida empresa em finalizou nova proposta de acerto sobre o montante devido.
A dívida foi reduzida substancialmente, para R$ 600 mil, a serem pagos com parcela inicial de R$ 100 mil, mais dez vezes de R$ 50 mil, além da permissão do clube para que a DIS negociasse o empréstimo do atleta Souza, também agenciado por ela, ao Cruzeiro.
Espertalhona, mesmo após a transação com o clube mineiro ter sido concretizada, a DIS tentou, por vias judiciais, cobrar a diferença entre o montante devido anteriormente e o que vinha sendo pago pelo clube no novo acerto, “esquecendo-se” de que o empréstimo de Souza fazia parte do negócio.
Porém, precavido, em sua defesa, o Palmeiras apresentou trocas de emails entre as partes, que comprovavam toda a operação.
Um rolo só, iniciado de maneira errada, diria até obscura, pelas mãos do intrépido Gilberto Cipullo – amado pelos empresários – e aparentemente consertado, da maneira que foi possível, pela gestão do atual presidente, Paulo Nobre.