Nas últimas semanas, após a revelação, pelo Blog do Paulinho, do esquema nas categorias de base do Guarani para tomar dinheiro dos pais de garotos, sob promessa de inseri-los no mundo do futebol, o Blog do Paulinho foi procurado por diversas vítimas, que, em comum, relataram golpes com procedimentos semelhantes.
Funciona assim: um intermediário do dirigente principal (no caso do Bugre, o ex-goleiro Gleguer, com anuência do ex-presidente Horley Senna) realiza a cooptação, cobra e recebe os valores combinados.
Em alguns casos, o depósito inicial é realizado na conta do intermediário, que depois repassa a diferença ao clube; noutros, o cheque é nominal à agremiação, que, com anuência de dirigentes, retorna ao bolso dos golpistas.
Valores, nos clubes grandes, variam entre R$ 15 mil e R$ 50 mil; nos menores, qualquer R$ 1 mil já dá início às conversas
Para disfarçar e conceder ar de legalidade à operação, a malandragem obriga os pais a assinarem contratos fajutos de patrocínios, que, em alguns casos, são explicados como “pessoais” do jovem jogador,.
Noutros, como se fossem negócios do próprio clube, sem que nunca, porém, a exposição de qualquer marca seja notada.
Escutamos relatos denunciando quase todos os grandes de São Paulo, além de alguns do interior.
Mas, soubemos, o golpe também é aplicado noutros estados.
Os nomes revelados no esquema do Guarani somente vieram à tona porque, em caso raro, uma das vítimas não apenas teve coragem de se expor publicamente, como contratou advogada para processar, civil e criminalmente, os espertalhões.
Em regra, todos no clube sabem quem são os marginais, quase sempre dirigentes graúdos, mas não possuem a coragem de formalizar as queixas, facilitando a delinquência contumaz e gravemente prejudicial ao futebol brasileiro.