Por LUIS NASSIF
Seria prudente que o Ministério Público Federal e a Polícia Federal abram investigações imediatas sobre o contrato de patrocínio da Telexfree internacional com o Botafogo de Futebol e Regatas (BFR).
Não há nenhuma justificativa plausível para esse contrato. É altíssima a probabilidade de que a operação tenha sido armada para lavagem de dinheiro.
A Telexfree está proibida de operar no país. Já foi reconhecida como pirâmide, enquadrada no código penal como estelionato.
O golpe se estendeu por vários países e já deveria ser alvo de um acordo de cooperação internacional do Ministério da Justiça, por se tratar de crime internacional de lavagem de dinheiro. Por alguma razão, até agora inexplicável, o Ministério da Justiça não acionou a Polícia Federal para o crime de evasão de divisas. Assim como jamais atuou firmemente na repressão de um golpe que afetou mais de um milhão de brasileiros.
Até agora o enquadramento da Telexfree se deu através do trabalho conjunto de Ministérios Públicos federal e estaduais, de Procons e de uma juíza corajosa de Rio Branco.
O que explicaria esse contrato com o Botafogo? Há muitas décadas, o Botafogo não tem a menor repercussão internacional. Internamente, não haveria razão para a Telexfree se promover comercialmente, posto que impedida de operar no país.
A única explicação para essa operação estapafúrdia é lavagem de dinheiro:
1. A Telexfree simula um pagamento para o Botafogo no exterior.
2. O presidente do Botafogo traz o dinheiro para o país, legalmente.
3. Depois, trata de acertar com os controladores da Telexfree formas de repassar parte dos recursos.
É bom lembrar que as estimativas sobre o golpe chegam a mais de US$ 1 bilhão. É a explicação clara para essa inacreditável poder de lobby da Telexfree, que só não imobilizou a força tarefa do Ministério Público e a brava juíza de Rio Branco.
O futebol e a lavagem de dinheiro
Nos anos 90, no auge do liberalismo financeiro, a existência de paraísos fiscais e de fundos off-shores abriram espaço para uma promiscuidade sem paralelo entre grandes investidores, recursos provenientes de caixa dois ou do crime organizado, de caixinha política ou de corrupção pública. Foi um modelo do qual se prevaleceram inúmeras instituições financeiras internacionais.