Da FOLHA

Por ELIO GASPARI

Zonshine criticou publicamente o governo e enfiou-se de forma impertinente em investigações

Israel tem um bom serviço diplomático e, graças a ele, consegue prodígios pelo mundo afora. Apesar disso, o Brasil pegou a banda paleolítica desse serviço. Seu atual embaixador, Daniel Zonshine, fala e se mexe demais. Criticou publicamente o governo e enfiou-se de forma impertinente em investigações policiais.

Zonshine foi antecedido no posto por um dos piores embaixadores mandados para Pindorama. Yossi Shelley meteu-se em patacoadas bolsonaristas durante o desastre de Brumadinho.

Patrocinou a vinda de uma inútil equipe de militares e incomodou quem estava no serviço de resgate. Anunciou a entrega de 200 toneladas de retardantes de fogo para as queimadas da Amazônia e eles nunca chegaram. Almoçou com Jair Bolsonaro e comeu um lagostim.

Até aí, seria uma pequena transgressão das regras do judaísmo. Orgulhando-se do evento, a Embaixada de Israel postou uma imagem do almoço, borrando o lagostim. Coisa de amador.

Shelley incomodou parte da comunidade judaica brasileira e acabou recusando-se a comparecer a um jantar da Confederação Israelita do Brasil.

Como o serviço diplomático de Israel é profissional, Yossi Shelley foi removido em fevereiro de 2021, durante o governo de seu amigo Bolsonaro. Ele se tornou assessor do primeiro-ministro Netanyahu e em outubro passado fez mais uma. Deu a entender que a rave onde o Hamas matou mais de 200 pessoas não deveria ter sido programada. Desculpou-se.

Daniel Zonshine não repetiu as bizarrias de Shelley, mas suas intromissões provocaram respostas do ministro da Justiça, Flávio Dino, e do diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.

A tarefa de um embaixador é defender os interesses do seu país sem atrapalhar o governo junto ao qual é acreditado, e o embaixador fez isso ao se meter em casos que estão sob investigação.

Dino e Rodrigues não pediram muito a Zonshine, apenas profissionalismo.

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