Da FOLHA
Por JUCA KFOURI
O presidente do Corinthians não ouviu a avó dele e viu suas orelhas crescerem
Não falta mais nada a Duílio Monteiro Alves, o cartola que infelicita a Fiel torcida na presidência do Corinthians.
Não bastasse a dívida quase bilionária, as contratações descabidas e nebulosas, a situação do time na tabela do Campeonato Brasileiro na fronteira da zona do rebaixamento e os protestos incessantes dos fiéis, ele achou de comprar briga com um dos maiores ídolos vivos do clube: Walter Casagrande Júnior.
A cara leitora, alvinegra ou não, e o caro leitor, também alvinegro ou não, podem não gostar dos comentários de Casagrande, divergir da posição política dele, achar desimportante o trabalho que desempenha para ajudar dependentes químicos, ou implicar com seus cabelos e anéis de roqueiro.
Mas não podem negar o papel que teve na Democracia Corinthiana e, muito menos, os gols que fez pelo Timão e o bicampeonato paulista de 1982/83 com participação decisiva.
Nem virar as costas para o título europeu que conquistou pelo lusitano Porto ou a participação na Copa do Mundo de 1986 — tampouco os quase 30 anos passados como comentarista da Rede Globo, e sua recente passagem como colunista desta Folha durante a Copa no Qatar, assim como o espaço que ocupa no UOL.
Monteiro Alves, por ter sido chamado, com propriedade, de “pior presidente da história do Corinthians” por Casagrande, resolveu reagir dizendo que o crítico buscou fama ao atingi-lo. Não ouviu a própria avó que deve ter ensinado que quem fala demais dá bom dia a cavalo.
Ao se queixar da imprensa em geral, como é habitual em quem está despreparado para atuação na vida pública, Monteiro Alves primeiramente disse não querer dar nomes. Não aguentou e, em seguida, particularizou em Casagrande. Por quê?
Porque, é claro, ao passar recibo, revelou quem mais o afetou.
Exatamente por ser de alguém incomparavelmente maior que ele, seja na história do país, seja na história do…Corinthians.
Empresário fracassado, dono de bingo quebrado e endividado até o pescoço, cartola inepto, Duílio Monteiro Alves mordeu a isca e assinou o atestado com as patas.
Daquelas atitudes que causam vergonha alheia.