Ontem (05), em pleno Jornal Nacional, o apresentador William Bonner leu dura nota comunicando o afastamento do jornalista Mauro Naves das coberturas esportivas Rede Globo.
O texto confirmou que o repórter fez uma espécie de “meio-campo” entre ex-advogado de Najila Trindade e o pai do jogador Neymar, que é acusado de estuprá-la.
E arrematou:
“As atitudes dele [Mauro Naves] neste caso contrariaram a expectativa da empresa sobre a conduta de seus jornalistas”
Se, para boa parte do público, a descoberta de atitudes reprováveis de Mauro Naves surpreendeu, nos bastidores da imprensa, principalmente a esportiva, a sensação era a de: “enfim, pegaram-no”.
No caso específico, o lobby que pode ter resultado na compra da honra do referido advogado para trair sua própria cliente à troco sabe-se lá de quais benefícios – essa é a desconfiança a ser tratada, inclusive, pela OAB – ultrapassou os limites do reprovável.
A desculpa de Naves, em parte verdadeira, de que teria agido em troca do “furo de reportagem” que seria originado pelo encontro, faz lembrar, guardadas as enormes proporções, a história do apresentador (virou documentário no Netflix), que, sem grande movimentação de notícias, decidiu “criá-las”, passando a cometer crimes para ter o que mostrar em seu programa de tv.
É função do jornalista levar a público os fatos como eles são, não criá-los ou manipulá-los, como se fosse roteirista de cinema.
Durante décadas, Mauro Naves, em troca do “vale-tudo” pelo furo, protegeu, por ação e omissão, dezenas de cartolas mal-afamados, entre os quais todos os presidentes recentes da CBF, além do atual mandatário do Corinthians, Andres Sanches – com quem, por vezes, dividiu comemorações.
Impossível esquecer também a função de assessor de imprensa informal de Ronaldo “fenômeno”, lançando ao ar matérias que objetivavam – o que conseguiu com absoluto êxito – limpar a barra do ex-atleta sempre que algum episódio ameaçava-lhe a indevida imagem de bom moço.
No caso do envolvimento com travestis, não por conta da questão sexual, mas pela sugerida relação com drogas, o ex-ídolo da Seleção Brasileira foi atendido por um Naves que comportou-se mais como advogado de defesa do que exercendo, como deveria, a função de repórter.
Ao que parece, o procedimento repetiu-se com Neymar.
A reação da Rede Globo, que sempre soube, mas fechava os olhos às peripécias de Mauro Naves, somente chegou ao Jornal Nacional – quase uma pá de cal na carreira do jornalista – pelo fato de ter sido, primeiramente, exposta por terceiro (com alguma fama), senão permaneceria oculta entre uma e outra notinha, antes dos demais colegas de profissão, de bastidores favoráveis, raríssimas vezes comprometedores, dos clubes nacionais, Federações e Confederações.
Figura totalmente patética; lambe botas de empresario de jogador; chamar isso aí de jornalista é o fim da picada.