Nos últimos anos, o destino do Corinthians, clube com dezenas de milhões de torcedores, vem sendo traçado por pouco mais (as vezes menos) de três mil e quinhentos associados, destes, boa parte, sequer torcedores do clube.
Esta é a média de votantes nas últimas eleições alvinegras.
Sempre os mesmos, com alterações (poucas) apenas por falecimentos.
Pior: há, dentro do Parque São Jorge, a formação de “guetos”, grupos de pessoas que votam juntas de acordo com as benesses oferecidas, ou seja, prostitutos eleitorais.
É desta maneira que a atual gestão do Corinthians (com hábitos petistas) tem conseguido se manter no poder, mesmo em meio a fartas comprovações de desvios de conduta e atos, gritantes, de incompetência.
Mensalinhos para uma minoria, em detrimento de uma imensa nação, que deseja mudanças.
Em razão deste triste quadro, aproveitando-se do momento em que se discute alterações estatutárias no Corinthians, grupos discordantes do atual sistema tem se reunido para tentar inserir no Parque São Jorge mudanças significativas entre os que poderiam obter o direito de eleger o próximo presidente alvinegro.
A ideia é dar poder de voto aos aficionados do plano “Fiel Torcedor”, em quantidade suficiente (quase vinte vezes maior do que o quórum atual) para sobressair-se sobre a atual promiscuidade e dar voz ao que, de fato, desejam os verdadeiros corinthianos.
Na última semana, esse grupo de pessoas recebeu apoio significativo do líder oposicionista Roque Citadini, quem em seu blog, declarou:
“Embora possua milhões de fanáticos torcedores, espalhados por todo Brasil e que garantem uma grande audiência na TV, os destinos do clube no período das eleições fica nas mãos de poucos milhares de sócios eleitores. Nas últimas eleições -mesmo com todo esforço de mobilização- menos de 4 mil pessoas escolheram os dirigentes desta nação”.
Tratou, ainda, corajosamente, sobre as trocas de favores, suficientes para eleger, no cabresto, candidatos que se submetem ao pagamento de “propinas”, disfarçadas como promessas de ajuda aos tais “departamentos”:
“Tanto é verdade que as diretorias investem até em exageros para manter os redutos eleitorais. É exemplo disso a distribuição de carterinhas de “assessores” dos muitos departamentos (segundo a própria diretoria por volta de 400) que cria uma casta com privilégios que vão de estacionamentos até cota de ingressos dos jogos.”
O medo de bater de frente com os ‘guetos” do Parque Jorge (de onde muita gente tira o sustento) faz até os que são contrários ao sistema (entre os quais muitos oposicionistas prejudicados) se calarem, temerosos do reflexo político em caso da não alteração estatutária.
Situação que torna a voz dos que se levantam ainda mais relevantes e dignas de reconhecimento.
O Corinthians vive esta crise interminável porque, mesmo tão enorme, está subjugado ao desejo de poucos “espertalhões”, que sob a alcunha de “associados antigos”, insistem em manter privilégios, como se fossem os ‘reis” e “príncipes” da virtude e da Fazendinha.
Pelo contrário.
Boa parte dessa gente fecha os olhos (quando não participa) dos atos de corrupção realizados por dirigentes de extensa ficha criminal, julgando-se ainda, no direito, de serem mais importantes (não são) do que os milhões de torcedores que, em verdade, pagam ingressos, consomem produtos alvinegros e pouco se importam se, mesmo deficitários, os departamentos alvinegros terão cerveja, salgadinhos e demais ‘mimos”, bancados pela diretoria, à disposição de seus eleitores.
Se o Corinthians não mudar, assumir sua grandeza (de fato), continuará forte apenas na imagem (que por algum tempo o marketing conseguiu forjar), mas, internamente, seguirá pequeno, refém dos desejos dos moradores (muitos acharcadores) de Tatuapé e adjacências.
E não se trata de extinguir o clube social, como apregoam, em desespero e mentiras, os que sentem-se ameaçados pela inserção de moralidade, mas sim organizá-lo, profissionalmente, para que passem a gerar lucro ao Corinthians, não a meia dúzia de “malandros”.