O apresentador, escritor e comediante Jô Soares, em contraponto ao auge de sua própria carreira, apesar de dizer o contrário, cometeu grande equívoco ao aceitar entrevistar a presidente Dilma Rousseff.
Espera-se de um entrevistador consagrado, e com a audiência que possui (ainda é grande, apesar de já ter sido maior), não um ataque voraz a uma mal avaliada chefe de Estado, muito menos, excesso de gentilezas (como ocorreu), mas apenas a simplicidade de questionamentos, evidentes, sobre problemas do país, que, diariamente, atingem os telespectadores do próprio programa exibido.
Nada disso aconteceu.
Seja por questões ideológicas, de cunho pessoal ou até por temor, se o apresentador não sentia-se a vontade para sabatinar seu entrevistado, deveria declinar de fazê-lo, evitando o constrangimento da exibição de um bate-papo quase panfletário.
A decepção com Jô se dá pelo seu histórico contestador enquanto comediante, com personagens importantes, que serviam, muito, para introduzir na população (nem todos tinham acesso, como ocorre hoje, às mais diversas informações) verdades da política que muitas redes de comunicação tinham medo de tratar.
Ao não sabatinar a Presidente, num momento em que o país espera por respostas, e ainda comportar-se como estudante de jornalismo ’empolgado” à frente do primeiro entrevistado famoso (a imagem do beijo na mão, mais do que elegante, é esclarecedora), o apresentador desprezou a oportunidade de servir a quem lhe alçou ao estrelato (o telespectador), manchando, de maneira lamentável, sua até então importante carreira.