janot

Recentemente, antes de divulgar a tão aguardada lista dos que deveriam ser investigados pelos crimes levantados na “Operação Lava-Jato”, o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, como se fosse uma celebridade, posou para fotos segurando um cartaz com os dizeres: “Janot – você é a esperança do Brasil”.

Dois equívocos claros foram cometidos naquele momento: o mais óbvio, a inadequada postura do procurador, trazendo pra si uma alcunha da qual, nem de longe, é merecedor; o outro diz respeito à mensagem, pura e simples, que, para se aproximar da verdade, deveria terminar com “esperança do Governo”, não do Brasil.

Explico: observando os nomes elencados por Janot, é difícil entender por quais razões um crime cometido na Petrobras, subordinada ao Executivo, que beneficiou, comprovadamente, o Executivo (financiamento de campanha, mensalão, etc.), não ter nenhum mandatário, nem do Governo, que manda na Petrolífera, muito menos gente da direção da empresa entre os investigados.

O procurador precisa, com urgência, esclarecer algumas questões:

– Os atos criminosos do Petrolão (alguns interligados ao Mensalão), em que estavam envolvidos toda a diretoria da Petrobras (gerente, diretor, etc), beneficiaram, claramente, os três partidos do Poder (PT, PP e PMDB), e o Governo não sabia ?

– Se sabia, deixava acontecer ?

– Ou foi o Governo que administrou ?

Ao deixar de inserir em sua lista os nomes da Presidente da República (que manda na Petrobras), do ex-presidente (que manda na atual Presidente) e de toda a cúpula diretiva da empresa petrolífera (que recebe ordens do Governo), o Procurador Geral Janot aproxima-se muito do que, em campanha eleitoral, foi tratado jocosamente pela então candidata Dilma Rousseff com a alcunha “Engavetador Geral da República”.

Como explicar, sem que se pense em ato de defesa do Executivo (função que nem de longe deve ser atribuição da PGR), que a Petrobrás participaria de um esquema criminoso milionário, em que deputados e senadores da base governista estão citados como ativos da corrupção, com os principais beneficiados, o corpo diretivo da empresa e, principalmente, o Governo, à margem de todas as decisões ?

Está na hora da sociedade cobrar as respostas do procurador Janot, e não se contentar com uma lista formada por subalternos ou meros instrumentos de um esquema gigantesco de roubo aos cofres públicos, com intenção de beneficiar um projeto de poder, aparentemente preparada mais para esconder do que apresentar a verdade à população.

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