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O movimento Bom Senso FC, representado pelos principais jogadores que atuam no Brasil e os cartolas da CBF, Rede Globo e dos clubes, travam discussões complicadas sobre o futuro do futebol no país.

Calendário, remuneração, vários são os assuntos divergentes.

Sabe-se muito bem qual o desejo dos atletas, que, inclusive, são divulgados constantemente pela imprensa.

Pouco se tem notícia, porém, sobre o pensamento dos cartolas.

A CBF conversa sem nada dizer, enquanto os clubes se portam com opiniões tímidas e a Globo, por enquanto, só assiste.

Ontem, por intermédio de sua página na internet, Roque Citadini, conselheiro do Corinthians, além de Presidente do TCE-SP,  se pronunciou a respeito, com críticas e sugestões para todos os lados.

Concordando-se ou não com seus argumentos, foi a mais clara demonstração sobre o pensamento de um dirigente sobre o assunto em questão.

Confira, abaixo.

BOM SENSO E NONSENSE NO NOSSO FUTEBOL

Por ROQUE CITADINI

As discussões que os jogadores estão trazendo, através de um grupo chamado “Bom Senso”, são importantes e merecem aplausos. Mas também não é uma nova obra divina, escrita nas montanhas, e deveria ser vista com a participação do “outro lado”. Os jogadores já foram proclamados “anjos” perante os  ”diabos” (os dirigentes, é claro).

Os atletas já disseram o que querem: férias em janeiro; menos jogos na temporada; e pagamento dos salários em dia, entre outras questões.

Quem deveria fazer o “outro lado” seriam os  dirigentes do nosso futebol.  Triste quadro. Deste lado pouca coisa teremos. Como dizia o Barão de Itararé “de onde nada se espera, é de lá que não vem nada mesmo”.

E muitas coisa deveriam estes dirigentes trazer à mesa.

Por exemplo, diminuir o número de jogos na temporada deveria ser acompanhada da diminuição dos salários pactuados.

Menos jogos, menos dinheiro e, então, menores salários para os jogadores.  O que os atletas acham disso? Nenhum dirigente falou nada a respeito. E deveriam ter falado. Querer que a TV pague o mesmo valor por menos jogos é lorota.

Um salário mínimo por competição (clubes da série A, pagariam um mínimo X, série B outro Y, etc) . Mas também deveríamos ter um teto salarial para os jogadores. É difícil? Muito. Mas necessário e justo.

Proibição de jogadores e empresários  terem participação nos direitos de transferência dos atletas (passe, em linguagem popular).

No geral, estas participações nas vendas podem descambar para a participação de dirigentes. Especialmente para os jogadores de grandes contratos, estas cláusulas são frequentes e ruins. Mais que isso, a Fifa luta contra esta “participação” em compra e venda de jogadores por atletas (seus pais e parentes), empresários e até dirigentes. A solução é difícil pois boa parte dos que participam deste mundo são ex-atletas (portanto anjos).

Jogadores com salários acima de 50 salários mínimos  teriam, obrigatoriamente,  seguro de saúde próprio.

Quer dizer, o clube só bancaria o tratamento de atletas com menos de de 50 salários mínimos. Ou então, aplique-se as regras do SUS . Jogador em tratamento por mais de 2 semanas passam a receber – e ser tratado- pelo sistema público. Difícil? Muito. Nossos pobres atletas deveriam pensar nisso. E no enorme gastos que os clubes têm com os departamentos médicos e de fisioterapia.

Uma última questão é a utilização da CLT e Justiça do Trabalho para decisões sobre contratos de atletas.

Para aqueles que ganham mais de 50 salário mínimo a contratação poderia ser menos rígida (mais livre) e principalmente ficariam fora da Justiça do Trabalho. Nos dias atuais, jogadores com salários de 200 mil ou mais, vão a Justiça como “pobres coitados” em busca de proteção. Nada mais falso e danoso para as relações entre clubes e jogadores.

Os dirigentes de futebol (isto é, os diabos) deveriam falar e discutir. Até porque os anjinhos (os jogadores) não são tão angelicais como a mídia os pinta.

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