Por SEBASTIÃO NERY

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Getúlio Vargas tinha oito anos, já estava lá em São Borja semeando espertezas. Num dia de conversa fiada, o pai quis saber o que ele estava pensando da vida:

– O que é que você quer ser quando crescer?

– Militar.

– Por que militar? Meu filho, você sabe que o militar se arrisca muito?  Que o militar está sempre exposto a ser morto pelo inimigo?

– Então eu quero ser o inimigo.

E Getulio, até o ultimo instante, até o tiro de abril de 1954, passou a vida eliminando politicamente aqueles que o escolhiam para inimigo.

GETULIO

1. – Em 1936, depois da Constituinte de 1934, eleito Presidente pelo Congresso, Getúlio criou o salário mínimo. A formula era simples:

– “Deve cobrir 10 cestas básicas de gêneros alimentícios”.

E o patronato brasileiro, herdeiro da escravidão nas cidades e nos campos, o escolheu definitivamente, quase sempre iradamente, para inimigo.

Meio século depois, a Constituição de 1988, no capítulo II, dos Direitos Sociais, artigo 6º, estabeleceu o direito de todo trabalhador ao salário mínimo. A Consolidação das Leis do Trabalho, na clausula IV,  define que o salário deverá “atender às necessidades vitais básicas do trabalhador e as de sua família, como moradia, alimentação, educação, lazer, saúde, vestuário, higiene, transporte e previdência social”

O salário mínimo é a matriz da justiça e da injustiça  social no Brasil. Todos os direitos do trabalhador brasileiro são a partir do salário mínimo.

IBGE e DIEESE

2. –  Logo por ai se mede a profunda tragédia social do pais. O serio IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no “Censo 2010: Educação, Trabalho e Rendimento”,  constatou que “72% (!!!) dos assalariados brasileiros ganham até 2 salários mínimos (!!!). E somente 1% ganham acima de 20 salários”, Esta é a pirâmide social brasileira.

O DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), que já foi uma entidade ativíssima na interpretação das distorções concentradoras de renda em detrimento dos assalariados, em tempo saiu do marasmo conformista. Demonstrou que, se fosse cumprido o que estabelece a lei, o salário mínimo brasileiro deveria ser de R$ 2.892,47.           A exemplo do que ocorre em outras partes do mundo desenvolvido:

O salário mínimo nos EUA equivale a 1.454 dólares, na Inglaterra 1.411, no Japão 944, na Coréia do Sul U$ 797, na Holanda 634.  E na Austrália surpreendentes 2.240 dólares. Na Alemanha, onde vigora, desde o fim da guerra, um pacto social que envolve empresas e trabalhadores, o debate sobre o salário mínimo, fez parte da recente campanha eleitoral.

MINIMO

Em 1º de janeiro de 2014, o salário mínimo passará dos 678,00 reais para 722,90. Nos 4 anos da administração Dilma Rousseff, o salário mínimo teve a menor valorização, com perda real, se comparado com os governos anteriores. A partir de 1994, com o Plano Real, o aumento do piso salarial acima da inflação em números crescentes garantiu uma melhor distribuição da renda e elevação do poder de consumo dos assalariados.

O IBGE mostra que o ganho real do salário mínimo, nos 16 anos dos governos Fernando Henrique e Lula, foi expressivo. Entre 1995 e 2002, na governos FHC, o ganho real do piso salarial foi de 44,5%. Nos governos Lula (2003 a 2010), o aumento foi ainda mais expressivo: 53,5%. Com FHC, a media anual do ganho real foi de 4,7%. Com Lula, 5,5%.

RENDA

No atual governo Dilma, com a fixação do piso já para 2014, em 4 anos o poder de compra do salário mínimo foi reduzido. O aumento real, acima da inflação, foi de 11,9%, média anual de 2,8%. Nos 16 anos de FH e Lula, o ganho real tinha sido crescente. Nos 4 anos de Dilma, decrescente.

Repetindo. Este é um doloroso retrato. Segundo o IBGE, 72% dos  brasileiros ganham menos de 2 salários mínimos. Hoje, menos de 1.356. Em janeiro, menos de 1.445. E Dilma, a Má, ainda tem a maldade de trombetear a propaganda da criminosa renda media nacional de R$1.507.

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