Dois textos publicados pela “FOLHA”, de hoje, tentam encontrar respostas para as diversas dúvidas que cercam a construção do “Fielzão”, estádio que o Corinthians acredita ser dele.
Mostram o quão maravilhosa e moderna será a arquitetura da Arena, mas também demonstram que o negócio, além de nebuloso, é , de fato, muito ruim para o clube.
Até o momento, num caso sem precedente na história mundial, a ODEBRECHT gastou, segundo informações oficiais de balanços, R$ 650 milhões de seu próprio bolso, sendo R$ 250 milhões tomados em empréstimos, sem que nenhuma garantia de pagamento tenha lhe sido fornecida.
Enquanto isso, o FUNDO que administra as obras, que tem como proprietários empresas ligadas a BRL TRUST, que teve, recentemente, os bens bloqueados pela Justiça Federal, busca alternativas para conseguir viabilizar o empréstimo de R$ 400 milhões com o BNDES.
A FOLHA informa, assim como o leitor desse espaço já soube, que para ser dono do estádio há a necessidade do Corinthians quitar todos os custos que, por enquanto, estão sendo bancados pela construtora. além doutros acertos realizados com o Fundo Arena.
Certamente uma conta que ultrapassará, e muito, R$ 1 bilhão, sem contar juros e correções.
O próprio Andres Sanches, ex-presidente do Corinthians, mas que foi designado para cuidar dos trâmites do estádio, após o “”estranho” afastamento de Luis Paulo Rosenberg, então mentor do negócio, diz ao jornal que o Corinthians terá “12 anos para pagar uma quantia mensal ao “Fundo” (que ele não especifica)”, além de alarmantes “20% de garantia”, diferentemente do que diz o contrato, alterado de 16 para 30 anos, em que os bens do Corinthians ficarão à disposição dos tratados como “gestores” da obra para garantir o referido pagamento.
A matéria da FOLHA acerta quando diz que todas as receitas do estádio serão designadas para o “Fundo”, mas erra quando afirma “menos as bilheterias das partidas”.
Na verdade, documentos já publicados no Blog do Paulinho, assinados pelo presidente do Corinthians, delegado Mario Gobbi, dão conta de que, além de ceder todas as arrecadações do empreendimento ao “Fundo”, entre outros recebíveis, não necessariamente atrelados ao estádio, o clube abriu mão também de receber a renda de suas partidas, tendo que jogar 90% de seus mandos no estádio, até que a Arena seja totalmente quitada.
Interessante notar, também, que especialista em arrecadação de Arenas desqualifica a previsão do Corinthians de arrecadar R$ 290 milhões anualmente com o “Fielzão”, dizendo que, no máximo, com a receita principal de shows e eventos, o clube atingiria R$ 92 milhões.
Porém, os próprios dirigentes alvinegros já declararam, em diversas oportunidades, que o estádio está sendo construído unica e exclusivamente para receber partidas de futebol, o que, por si, diminuirá consideravelmente a possibilidade de arrecadação.
Para finalizar, a melhor declaração foi a de um leitor da FOLHA, demonstrando estar absolutamente bem informado sobre a negociação entre Corinthians, ODEBRECHT e o Fundo Arena.
Sandro Notaroberto, advogado, diz, ao ser informado sobre as projeções de renda do Corinthians com o estádio, próximas de R$ 200 milhões:
“É uma sandice.”, complementando, “Nem ao Corinthians o estádio pertence”.
Exatamente.
O “Fielzão”. belíssimo, moderno, é caso único no mundo em que a construtora realiza a obra sem receber pelo serviço, com seus recursos, a ainda toma empréstimo para finalizá-la, com a promessa de um Fundo, um dia, viabilizar o pagamento, tendo como proprietário, para a mídia, um clube que somente poderá transferir a propriedade para si se conseguir arrecadar, por ano, o que nunca arrecadou em toda a sua existência.