Por JOSÉ RENATO SATIRO SANTIAGO
Nesta semana, o Comitê Olímpico de Londres 2012 acusou membros do Comitê Olímpico do Rio 2016 de terem roubado informações confidenciais.
Tal ato provocou a demissão, até o momento, de cerca de 10 profissionais do Comitê Olímpico do Rio 2016.
Pois bem… para aqueles que acham que trata-se apenas de uma situação pontual relacionada a simples cópia de alguns arquivos eletrônicos, temo que infelizmente não seja o caso.
Primeiro é importante deixar claro que, muito embora sejam eventos relacionados a um “único” dono, no caso o Comitê Olímpico Internacional, ou quem quer que seja indicado por ele, as Olímpiadas de Londres 2012 e do Rio 2016 são projetos totalmente independentes entre si.
A existência de eventual predisposição ao compartilhamento de boas práticas e experiências entre as equipes só existe a partir de um contrato firmado entre os respectivos comitês olímpicos.
Certamente este contrato garante direitos e deveres entre as partes envolvidas, e obviamente, há uma extensa cláusula de confidencialidade.
Não é difícil prever que dentro desta cláusula de confidencialidade, há condições de multa e punições para as partes que a desobedecerem.
Também é óbvio que a assinatura deste contrato passa necessariamente pelos presidentes de cada um dos comitês olímpicos.
Esta é a prática que fundamente qualquer contrato desta natureza, quer seja no mercado brasileiro ou internacional.
A quebra de uma cláusula de sigilo tende a ter impacto muito maior no contrato que qualquer outra.
Por que?
Porque envolve credibilidade, algo que se constrói ao longo dos anos e que, obviamente, não se pode comprar.
A quebra de uma cláusula de sigilo impacta todo o segmento.
Em muitos casos compromete até mesmo a relação entre países.
Empresas tendem a deixar de atuar com aquelas de mesma origem de outras que feriram o sigilo e a confidencialidade de um negócio.
Ao que parece, antes que esperávamos, as Olímpiadas do Rio 2016 acabou de deixar o primeiro legado ao país.
Se fosse em países orientais, de acordo com uma cultura tácita existente, uma bala resolveria.