Da FOLHA DE SÃO PAULO

Corinthians faz festa com seu presidente acuado

Mesmo com bom momento do time, Andres Sanchez vive pior fase como cartola

Em meio à celebração pela Série B, que ocorrerá hoje, no Pacaembu, dirigente sofre questionamentos sobre as negociações com agentes

EDUARDO ARRUDA

DA REPORTAGEM LOCAL

O que era para ser um ano de festa tem se transformado em tormento para o presidente do Corinthians, Andres Sanchez. Enquanto o time vai festejar hoje, diante do Avaí, a conquista da Série B e o acesso à elite do Brasileiro no jogo de despedida em casa, o cartola vive seu pior momento à frente do clube.

Apesar da boa fase do futebol, Andres está acuado diante de negociações pouco claras com agentes de jogadores e atravessa momento político conturbado, principalmente após perder o apoio de Marlene Matheus, que deixou a vice-presidência social alegando que o presidente não cumpriu com a palavra de ela ser candidata a vice na eleição de 15 de fevereiro.

Os escolhidos na chapa de Andres devem ser Mário Gobbi, vice de futebol, e Luis Paulo Rosenberg, vice de marketing.

Marlene tem bom trânsito entre os associados do clube, que irão escolher o presidente no próximo pleito.

Além de ter rompido com a ex-presidente, Andres tem sido cobrado por conselheiros pelo espaço que tem dado ao conselheiro André Luiz de Oliveira, conhecido como André Negão.

As reclamações são de que ele tem agido, muitas vezes de forma truculenta, como se fosse o dono do cargo que pertence a Andres, e de que participa de muitas decisões administrativas. Ganhou no clube o apelido de “primeiro-ministro”.

“Não me acho primeiro-ministro, mas, se vejo algo errado, eu cobro mesmo. Não tenho cargo, sou um conselheiro vitalício e amigo do presidente”, afirma André, que, após ser questionado sobre o assunto pela reportagem, emendou: “Gostaria de conversar sobre isso pessoalmente com você, e pode ser na sala do Andres”.

Quem acompanha o presidente corintiano no Parque São Jorge diz que ele está visivelmente abatido e muito nervoso. Os problemas políticos se somam aos questionamentos que estão sendo feitos sobre o pagamento de comissões a agentes acima do valor de mercado, como revelou a Folha.

Ao Cori (Conselho de Orientação), Andres alegou que, se não pagasse as comissões, não conseguiria contratar atletas.

Para piorar, o Corinthians tem tido dificuldade para honrar sua folha de pagamento. Tem recorrido a empréstimos em bancos e ao Clube dos 13. Com a crise financeira, o cenário não é animador. A dificuldade para obter crédito deve piorar a situação do clube no próximo ano, que deve fechar 2008 com dívida de pelo menos R$ 98 milhões.

Com a estratégia de “alongar” os débitos, o clube terá muitos compromissos vencendo em janeiro de 2009 e não sabe de onde tirar dinheiro.

A penúria financeira pode fazer com que os corintianos acompanhem alguns dos principais atletas do time, como o atacante Dentinho, pela última vez hoje no Pacaembu. A diretoria está desesperada para fazer caixa. O time vai atuar hoje com a camisa comemorativa do título da Série B, com fotos de quem pagou R$ 1.000 para ter sua imagem no uniforme.

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