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Do blog do Birner

http://blogdobirner.net/

Por Paulinho

O discurso de transparência virou marca registrada da direção do Corinthians.

Algumas atitudes é que não condizem com ele.

Nunca acreditei na história de que a Nike teria aberto mão, de maneira voluntária, da fabricação das famosas camisetas “eu nunca vou te abandonar”.

Não há lógica na versão oficial da diretoria corinthiana.

Por nada?

Estranho.

Era evidente que seriam um sucesso de vendas.

E fui atrás do que houve.

A denúncia

No começo do ano, me reuni com um conselheiro vitalício corintiano e mais uma pessoa do clube, no escritório dele.

Ele  participou da reunião onde definiram que a NIKE teria que ser retirada do projeto.

Foi decidido que as camisetas seriam feitas por uma empresa,  no bairro do Brás.

O discurso também foi resolvido. A necessidade de rapidez no projeto e o preço de venda mais popular.

Mas a informação caiu por terra quando a NIKE começou a fabricar as camisetas com preço semelhante ao praticado pelas outras confecções.

Com esses poucos dados iniciei a investigação.

Versão oficial

A diretoria do Corinthians sempre utilizou como propaganda a arrecadação bruta da comercialização das camisetas.

Em conversa informal, Raul Correa da Silva, vice de finanças, disse a conselheiros do clube que o lucro do Corinthians era de R$ 7,00 por peça.

Versão que depois foi modificada pela diretoria para R$ 12,00 por peça.

Disseram que o Corinthians investiu pouco e que retirando todos os gastos, esse era o lucro para o clube

Nunca ficou muito claro o critério utilizado para a escolha do fabricante.

O contato entre o Corinthians e a fabricante, segundo versão oficial, foi realizado pelo departamento de Marketing.

Falaram que houve concorrência e a melhor oferta venceu.

O Corinthians não usou intermediários na negociação.

Resultado da investigação

Duas empresas fabricaram as camisetas “Eu nunca vou te abandonar”.

A primeira foi a Poá Têxtil, com escritório no Brás, em São Paulo e fábrica em Extrema/MG.

Na primeira negociação acertaram que o Corinthians receberia R$ 7,50 por peça.

A negociação se estendeu e o valor final foi definido.

O Corinthians ganhou R$ 5,00 por camiseta.

A Poá Têxtil teve como lucro líquido R$ 1,27 por peça.

O restante do valor (foi vendida por R$ 39,90) era o lucro do comerciante.

O dono da Poá Têxtil é o senhor José Grzywacz.

Diferentemente da informação oficial, a aproximação entre Corinthians e Poá Têxtil contou com a participação de um intermediário.

A empresa RO Gestão de Negócios, de propriedade de Rogério Barrios, conduziu o negócio.

Teve como contatos no clube, Caio Campos, do departamento de Marketing e o Sr. Duda, da loja Roxos e Doentes.

O pagamento para o Corinthians era realizado pelo dono da empresa, José Grzywacz, em mãos, para Raul Correa da Silva.

Tive enormes dificuldades para conversar com a Poá Têxtil.

Recusaram-se a me fornecer o nome do dono da empresa.

E não me passaram nenhuma informação.

As consegui por intermédio de uma pessoa que participou ativamente do processo.

A Poá Têxtil foi procurada e não quis se pronunciar oficialmente.

Braziline

Outra empresa foi procurada pela diretoria do clube para fabricar as camisetas.

A qualidade das peças feitas pela Poá foi decepcionante.

Dessa vez, não houve intermediário.

A Braziline tem sede em Petrópolis- RJ.

Presta serviços ao clube desde abril de 2000, contrato firmado por Alberto Dualib.

Desde então é licenciada pelo Corinthians para fabricar alguns produtos.

Seu diretor comercial, Carlo Nunes Mossi, aceitou conversar com o blog.

Disse que o fato do Corinthians procurá-los para fabricar as camisetas era natural porque são licenciados.

Falou que o Alvinegro recebeu por peça vendida um valor previamente combinado.

Adiantou que não poderia revelar esse valor, mas que no caso deles não era de R$ 5,00 por camiseta.

O pagamento da parte referente ao Corinthians foi realizado por depósito em conta-corrente do clube.

Falou que não está autorizado a divulgar o numero de camisetas fabricadas pela empresa.

Quem fez o contato entre o clube e a Braziline foi Caio Campos, do departamento de marketing corinthiano.

Ele falou que não sabe o motivo de terem sido escolhidos em detrimento da NIKE, fornecedora de material esportivo do que tinha contrato com o clube.

Foram informados que a Poá Têxtil também fabricou as camisetas.

Disse que a relação da empresa com a nova diretoria do Corinthians é estritamente profissional, que só tiveram um contato com ela desde que assumiram.

Opinião

Lendo o que foi relatado nessa reportagem ficamos com algumas dúvidas e muitas certezas.

Não há lógica que explique o fato da NIKE, fornecedora oficial de produtos do clube, não ter confeccionado as camisetas.

A diretoria escondeu a participação de um intermediário na negociação.

Não existiu concorrência de empresas para a fabricação do material.

Não há lógica na escolha da Poá Têxtil em detrimento da Braziline, licenciada pelo clube.

O lucro real das camisetas nunca foi divulgado.

Isso não é transparência.

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