Da FOLHA

Por JUCA KFOURI

Agora sim, para os sócios do Corinthians, eleger o presidente será dureza

Às vésperas das eleições presidenciais em 2018, entrou para a história das patacoadas da grande mídia brasileira o editorial de O Estado de S. Paulo que classificava como “Uma escolha muito difícil” o voto no professor Fernando Haddad ou no ex-capitão expulso do Exército Jair Bolsonaro.

O preço da hesitação é conhecido pelo tamanho da destruição no Brasil nos quatro anos de desvario absoluto aqui vivido.

Por mais baixa que fosse a cotação do PT não era possível ter dúvida entre os dois candidatos.

Terá o Clarín, em Buenos Aires, o mesmo problema de catarata e dúvida entre o civilizado Sergio Massa e o enlouquecido Javier Milei? Por pior que tenha sido o governo do qual Massa faz parte também é estupidez ter dúvida.

Não, rara leitora e raro leitor, você não está em página errada nesta Folha.

O pequeno nariz de cera (é assim que chamamos nas Redações essas introduções) tem a ver com a eleição presidencial no Corinthians, no próximo dia 25 de novembro.

Nesta segunda (30), faz um ano que votamos para nos livrar da peste que assolou o país e na quarta (1°) entraremos no mês eleitoral alvinegro.

Desnecessário dizer que nada é mais importante que a eleição no glorioso Sport Club Corinthians Paulista…

Mas esta sim apresenta uma escolha muito difícil, tão difícil que o melhor é não votar, já que o voto é facultativo.

De um lado André Luiz Oliveira, o André Negão, pela situação. Situação que só aprofundou o buraco alvinegro e passou ao largo das conquistas no futebol masculino. Tirante a escrita de invencibilidade no Majestoso em Itaquera, nada sobrou para o fiel se alegrar, fora os sobressaltos de lutar para evitar o rebaixamento.

Negão é tão ruim que o atual presidente, cujo nome entrará para história como um dos piores, embora tenha sido apoiado por ele, nem coragem tem de apoiá-lo.

A única qualidade visível de Negão, que se orgulha das “despesas do clube superarem a rentabilidade” é a sinceridade. Jamais negou ter ligações com o jogo do bicho e trabalha abertamente para legalizá-lo.
Votou em Bolsonaro e não esconde de ninguém.

Seria auspicioso ver o Corinthians pioneiro com um presidente preto, como já foi quando elegeu Marlene Matheus, a primeira mulher a ocupar o posto em clube grande no país. Mas nem por isso.

O candidato da oposição consegue superá-lo. Augusto Melo é seu nome.

Admirador do ditador Ernesto Geisel, fez campanha pelo impeachment de Dilma Rousseff e recentemente disse ter recebido ligação de dois corintianos ex-governadores de São Paulo, embora não haja nenhum vivo. Só se foram ligações do além, de Paulo Egídio Martins, Franco Montoro ou Luiz Antônio Fleury Filho.

Mitômano inveterado, condenado por crime contra a ordem tributária, com trânsito em julgado, na campanha passada prometia construir roda-gigante no clube, hospital com o nome de Doutor Sócrates e um hotel.

Agora acrescenta a ampliação do estádio e é capaz de dizer que trabalhou com Washington Olivetto na DPZ, embora o famoso publicitário não tenha a mínima lembrança dele.

Como se vê, o sócio do Corinthians nem está diante de uma escolha difícil, mas de escolha impossível.
Ganhe quem ganhar só há uma certeza: o mais popular clube de São Paulo, o segundo do Brasil, viverá mais três anos afundado em dívidas, até capaz de ganhar taças, mas como resultado de loucuras.

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