Ontem (14), o UOL publicou entrevista com Herói Vicente, diretor jurídico do Corinthians que, dias antes de assumir o cargo, concorreu às eleições para o Conselho Deliberativo na condição de opositor.
Como de hábito, falou muito sem dizer nada.
Do pouco aproveitável pinçamos contradições e inverdades que, de tão gritantes, chegam a ser constrangedoras.
“A criação da diretoria de compliance autônoma é desejável, mas não imprescindível”
“O Corinthians hoje conta com um compliance externo, independente, que já está funcionando com muita eficiência e implantando todos os processos necessários”
Antes de se juntar à gestão, Herói defendia a criação da diretoria que agora trata como não necessária.
Com relação à independência do ‘muito eficiente’ compliance externo, basta simples verificação no site do Tribunal de Justiça para acessar ligação explícita entre contratante e fornecedor de serviços.
Sobre a verificação de contratos do clube, Vicente respondeu:
“(temos) Controle amplo e criterioso da legalidade dos dispositivos contratuais”
“O clube conta com assessoria especializada, responsável pela análise dos contratos”
Dentro desse trabalho tratado como ‘amplo’ e ‘criterioso’, até o momento, não se tem notícias do contrato de ‘naming-rights’ do estádio de Itaquera, muito menos de um recibo sequer de pagamento.
A ‘assessoria especializada’ está inserida no contexto dos inúmeros trabalhos cedidos pelo clube a escritórios terceirizados, que, em regra, costumam ser generosos com quem os indica.
Sobre as categorias de base, a resposta foi a seguinte:
“Eventuais irregularidades devem ser comunicadas pelos canais competentes, para apuração cabal e independente da denúncia”
Herói dá a entender não saber que a base alvinegra é comandada, ainda que sem cargo, embora com enorme notoriedade, por um bicheiro com quem já dividiu a mesa, além de agentes de jogadores com empresas constituídas, oficialmente, na Junta Comercial.
Esse é o nível da diretoria do Corinthians.
Presidente sem emprego com as contas e bens bloqueados pela Justiça, assessorado por uma diretoria ‘política’ que se apresenta como ‘jurídica’ aliada ao ex-advogado do dirigente, que se apresenta como compliance independente.