Por ROBERTO VIEIRA

PRIMEIRO, um monstro é colocado à solta pela JUSTIÇA. Um demônio em forma de tio. A personificação do MAL.

Durante quatro anos, o monstro colocado à solta pela JUSTIÇA, estupra o corpo e a mente infantil daquele pequeno anjo, ameaçando de todas as formas a pobre menina caso ela revele as suas torturas.

Como num filme de terror, a cena se repete dezenas, centenas de vezes na solidão da miséria, provocando o fim da infância, o terror nas manhãs e noites, o tremor das mãos, a vontade de não existir.

Não existe Deus. Existe apenas o vazio do corpo violentado e o inferno.

Um dia, o corpo da menina ganha uma outra vida, fruto do estuprador que foge diante da futura prova da barbárie.

A menina está só.

Só diante de multidões que começam a brigar, esbravejar, xingar diante da necessidade de socorrer a pobre menina perante o perigo mental e físico de uma gestação indesejada e para a qual ela nunca esteve preparada.

E eis que a pobre menina é estuprada mais uma vez por uma multidão de fanáticos, fariseus, hipócritas e aproveitadores vendilhões do templo… sejam da moralidade ou da liberdade.

Todos esquecendo que ali está uma MENINA.

Todos desejando seus quinze minutos de fama.

Todos esquecendo dos outros quinze minutos. Os quinze minutos de terror que se repetiam dezenas, centenas de vezes durante quatro longos e intermináveis anos.

Todos atrás de votos, mídia, manchetes, defesa da religião, do gênero, da medicina, menos da menina.

O caso da pobre menina em Pernambuco não é uma exceção. Nunca foi. Uma média de seis abortos são realizados na rede do SUS diariamente no Brasil em crianças entre seis e dez anos.

Não se trata de sermos contra ou a favor do aborto. Se trata apenas de termos AMOR por cada uma dessas pobres meninas, a imensa maioria desconhecida, ao contrário desta pobre menina em Pernambuco.

Pobres meninas que já perderam tudo.

Pobres meninas que não têm ninguém.

E, caso tenham esquecido, neste exato momento, centenas de estupros estão sendo cometidos contra centenas de outras meninas no Brasil e no mundo.

Impunemente, sem mídia, sem religião, sem fariseus, sem políticos.

Porque o inferno é aqui…

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