Antonio Goulart e Paulo Garcia

Após inúmeras derrotas nas eleições do Corinthians, desde 2007, Paulo Garcia, irmão do agente de atletas Fernando Garcia, sócio do presidente alvinegro Andres Sanches, acredita que, desta vez, conseguirá superar os adversários.

Ao longo dos anos, o dono da Kalunga passou por transformações.

De oposicionista com discurso ferrenho, à ponto de tratar os atuais gestores como ‘ladrões’, Garcia, desde a gestão Roberto Andrade, aproximou-se do poder.

No final de 2020, período do pleito, existem duas expectativas na cabeça do empresário: receber o apoio de Sanches, o que, certamente, aproximaria-o, substancialmente, do objetivo principal ou unir opositores em torno de seu nome, que poderia ocasionar efeito semelhante.

Em ambos os casos, o agente Fernando Garcia continuaria beneficiado, na condição de gestor informal dos negócios no departamento de futebol.

Porém, Paulo Garcia quer mais e não se contenta com pouco poder (que no Corinthians é quase pleno).

No início da semana, o presidente do Conselho Deliberativo, Antonio Goulart (que tem as cordas puxadas pelo empresário), juntou-se a outros dois, um deles, promotor de justiça, numa comissão de reforma estatutária.

Desde já dois objetivos estão entre os principais: liberar a associação do Corinthians com empresas e permitir que algumas dessas sejam de propriedade de conselheiros (como ocorria nos tempos de Dualib).

Em conseguindo – tudo indica tratar-se de jogo de cartas marcadas – Garcia conseguiria, como no passado, inserir sua Kalunga no Parque São Jorge, mas também encabrestar boa parte do Conselho, que poderia, através de parcerias comerciais, em detrimento da concorrência, lucrar com negócios do/e no clube.

Quem destes beneficiados se voltaria, em caso de deslizes administrativos no Timão, contra o presidente que coloca dinheiro em seus bolsos?

Diferentemente de Andres Sanches, que concentra os lucros ‘extra-campo’ no bolso de meia dúzia de afortunados e libera as migalhas para os demais, Garcia pretende ampliar o leque, sem abrir mão, porém, da ‘galinha dos ovos de ouro’ que é o futebol.

O objetivo, também, diante dessa política, é a perpetuação no poder, transformando a cadeira presidencial em trono e a mandato em reinado.

Razão pela qual não é descartado, também, a aprovação do retorno da reeleição ao cargo de presidente.

‘SalveM o Corinthians’, em vez de ‘salve o Corinthians’, é o título de um livro escrito pela neta do ex-presidente Dualib, que, revisto nos dias atuais, soa como premonitório, apesar dela hoje ser eleitora da família Garcia.

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