
Luias Paulo Rosenberg, Andres Sanches e Matias Ávila
Matias Ávila, diretor de finanças do Corinthians, espécie de preposto de Luis Paulo Rosenberg, o ex-primeiro ministro que nunca deixou de mandar, demonstrou-se desinformado e cometeu graves atentados contra a verdade em entrevista concedida, ontem, ao repórter Rodrigo Vessoni.
Destacamos algumas respostas.
Ao ser questionado sobre a dívida do estádio, Ávila respondeu:
“Tem um fundo composto por três empresas: Caixa, Corinthians e Odebrecht. Este fundo que construiu a Arena. A Caixa fez um empréstimo ao fundo e o fundo tem de pagar o empréstimo, de 600 milhões e pouco”
De cara, o diretor alvinegro erra ao tratar sobre a disposição do Fundo, que, em verdade, é composto por Corinthians, Odebrecht e Arena Itaquera S/A.
O valor declarado do empréstimo corrobora com os dados fornecidos pela construtora em sua recente tentativa de recuperação judicial, mas é diferente dos apenas R$ 400 milhões informados, frequentemente, aos conselheiros.
Noutra questão, relativa às dívidas do clube, que atingem mais de R$ 1 bilhão (somados os impostos renegociados), sem contar os valores do estádio, Àvila minimizou:
“Temos alguma coisa atrasada de direitos de imagem, imposto… mas financeiramente estamos preparados para terminar o ano de 2019 zerado”.
A declaração, absolutamente contraditória, fala por si.
Com relação à transparência das contas, o dirigente declarou:
“(…) não se paga nenhuma nota no clube que não esteja dentro do próprio contrato. A empresa do fornecedor tem de fazer parte do contrato. Não pode dar uma nota de um e o contrato é outro. Aqui não sai nada por fora. Tudo é computado dentro do balanço do clube”
Recebedores habituais de dinheiro não contabilizado, formalmente, pelo clube, como ex-diretor de futebol dono de empresa de obras, bicheiro fornecedor de caçambas, empresários de jogadores não licenciados pela CBF, entre outros diversos exemplos conhecidos de quem frequenta a vida política do Corinthians, ruborizaram-se.
Sem freio para inverdades, Ávila prosseguiu:
“Nós só temos relações com banco de primeira linha, além de uns bancos de investimento.”
Estão aí o BMG – banco do Mensalão, e o Banco Paulista, apontado pela Polícia Federal como estruturador de pagamentos de propinas da Odebrecht, que emprestaram dinheiro ao Corinthians, ou, como no caso do primeiro, mantém parceria comercial com o clube, para avalizar a colocação.
Por fim, destacamos uma defesa do cartola às contratações equivocadas, quando não suspeitas, de Andres Sanches no departamento de futebol, prestes a atingir cem jogadores assalariados:
“Trouxemos 14 jogadores. Você bota a camisa do Corinthians no cara, ele não consegue jogar, que culpa tem o treinador? O presidente?”
Não fosse a força do torcedor, que lota estádios e garante recursos ao clube, além dos planos de ajuda governamentais, tanto para facilitar o pagamento de calotes em impostos, como para a construção do estádio de Itaquera, o Corinthians, há anos gerido por inconfiáveis, teria fechado as portas sem ter a menor condição de recuperação.