EDITORIAL DO NEW YORK TIMES

Jair Bolsonaro, o candidato de extrema direita, descrito como “Donald Trump brasileiro”, parece estar à frente na disputa presidencial

Jair Bolsonaro é um brasileiro de direita que tem visões repulsivas.

Ele disse que se tivesse um filho homossexual, o preferiria morto; que uma colega no Parlamento era muito feia para ser estuprada; que os afro-brasileiros são preguiçosos e gordos; O aquecimento global equivale a “fábulas de estufa”. E que sente saudades dos generais e torturadores que governaram o Brasil por 20 anos.

No próximo domingo, no segundo turno de votação, o Sr. Bolsonaro, provavelmente, será eleito presidente do Brasil.

Por trás dessa perspectiva assustadora, há uma história que se tornou comum entre as democracias do mundo. O Brasil está emergindo de sua pior recessão de todos os tempos; uma ampla investigação chamada Operação Lava-Jato revelou corrupção no governo; um ex-presidente popular, Luiz Inácio Lula da Silva, está preso por corrupção; sua sucessora, Dilma Rousseff, foi afastada por impeachment; seu sucessor, Michel Temer , está sob investigação; a criminalidade está desenfreada. Os brasileiros estão desesperados por mudanças.

Contra esse pano de fundo, as opiniões grosseiras de Bolsonaro são interpretadas como franqueza, sua carreira obscura de congressista tratada como promessa de quem limpará os estábulos com punho de ferro, a esperança de afastar uma média recorde de 175 homicídios. por dia, no ano passado. 

Cristão evangélico, ele prega uma mistura de conservadorismo social e liberalismo econômico, embora confesse possuir compreensão superficial da economia.

Soa familiar? Bolsonaro é o mais recente, numa longa lista de populistas que enfrentaram onda de descontentamento, frustração e desespero, postulante ao mais alto cargo de cada um de seus países. Não surpreendentemente que seja, frequentemente, descrito como um “Donald Trump” brasileiro .

Se ele chegar ao palácio presidencial, um dos perdedores será o meio ambiente e, especificamente, as florestas tropicais da Amazônia, às vezes conhecidas como os “pulmões da Terra”, por seu papel na absorção de dióxido de carbono. Bolsonaro prometeu desfazer muitas das proteções para as florestas tropicais objetivando abrir mais terras aos poderosos do agronegócio brasileiro. Ele levantou a perspectiva de se retirar do acordo climático de Paris, de desmantelar o Ministério do Meio Ambiente e impedir a criação de reservas indígenas – tudo isso em um país, até recentemente, elogiado por sua liderança na proteção do meio ambiente.

Não é apenas a mensagem “carne, Bíblia e bala” que trouxe o Sr. Bolsonaro à tona. O popular Sr. Lula da Silva continuou sendo um forte candidato, apesar de ter sido preso, até que o Tribunal Superior Eleitoral decidiu, em agosto, que ele estava inelegível para concorrer. Para substituí-lo, o Partido dos Trabalhadores (PT), de tendência esquerdista, voltou-se para Fernando Haddad , ex-professor, ministro da Educação e prefeito de São Paulo. Embora Haddad tenha sobrevivido ao primeiro turno de votação, não conseguiu superar a associação do seu partido com a corrupção e a má administração, que alimentou algo do espírito de “Todos contra o PT”. As pesquisas mostram que Haddad está muito atrás de Bolsonaro no segundo turno.

A escolha é dos brasileiros. Mas é um dia triste para a democracia quando a desordem e o desapontamento levam os eleitores à distração e abrem as portas para populistas ofensivos, cruéis e populistas.

(Tradução: Blog do Paulinho)

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