Não são poucos os destemperos, as manifestações preconceituosas e a clara intenção de afrontar a democracia apresentados nos últimos dias, publicamente, pelo General Mourão, candidato a vice-presidente da República na chapa de Jair Bolsonaro.

Fossemos um país sério, com Presidente decente, e o sujeito, se não preso, já teria sido chamado a prestar esclarecimentos no que diz respeito ao crime de insubordinação.

Mas não somos.

Evidentemente, apesar da maior parte da população repugnar, ao menos, estas atitudes, os 30% de seguidores dessa gente, segundo pesquisas recentes, tentam justifica-las, mesmo que, por vezes, sequer entendam, de fato, o que está se passando.

Diz o ditado popular que de onde nada se espera, de fato, nada acontece.

Este pensamento, em tese, não deveria se aplicar a duas instituições que, há muito, circulam pelos mais diversos tipos de poderes do Brasil: o exército e a maçonaria.

Levados ao pé da letra, os discursos, lemas e atribuições que amparam a mitologia destes órgãos, baseados, quase sempre, em moralidade, ética e defesa da pátria, seria impossível crer no silêncio ensurdecedor, e pouco corajoso, às barbaridades não apenas de Mourão, mas também expostas, frequentemente, por Jair Bolsonaro.

Evidencia-se, por aí, a decadência destas instituições.

O exército, sucateado e com quadros, em boa parte, desprezíveis, apostando em lunáticos e na triste cultura popular brasileira para retomar um poder que saqueou nos anos 60 e perdeu nos 80, em meio a graves acusações de crimes contra a humanidade, apequena-se a ponto de não se incomodar em ser comparado, em referência, a esse tipo de gente.

Enquanto isso, uma caricata Maçonaria, que antes era extremamente seletiva com seus membros, hoje absorve qualquer pessoa que não atrase os boletos, mesmo que entre estes esteja deploráveis intelectuais, caso específico, mas não único, do General Mourão.

Prezassem pela própria história, não receberiam, como fizeram numa de suas sedes, este aparente estrupício fardado com honras de chefes de estado.

É pouco provável, para bem do povo brasileiro, que a cadeira presidencial seja ocupada, a partir de 2019, por Bolsonaro e Mourão – o que não implica em dizer que as alternativas, apesar de melhores, sejam as do sonho do eleitor – mas, desde já, a derrota do exército e da maçonaria, o primeiro por ação e o segundo por omissão e conivência, são flagrantes, constrangedoras e difíceis de serem, em imagem, recuperadas.

Facebook Comments