Da FOLHA

Por LUIS CURRO

O assunto ainda é a histórica vitória do Barcelona sobre o Paris Saint-Germain na Liga dos Campeões da Europa.

A goleada por 6 a 1, com direito ao sexto gol, o da classificação para as quartas de final, aos 50 minutos do segundo tempo, na quarta-feira (8), representou a maior virada em um mata-mata do principal interclubes do mundo.

O volante-lateral Sergi Roberto recebeu lançamento de Neymar, esticou-se e desviou para a rede do time parisiense, levando o Camp Nou, tomado por mais de 96 mil torcedores, à loucura.

O autor do gol saiu em disparada rumo à lateral do gramado e foi seguido por todos os companheiros – inclusive os reservas, que invadiram o campo e dispararam rumo ao local da celebração.

Aliás, por todos não. Faltava um: ninguém menos que Messi.

O capitão do time não estava lá prontamente. Só chegou ao grupo de colegas 45 segundos depois do gol.

Por quê? Onde estava o craque argentino no momento de maior êxtase, para o Barcelona, na partida? O que o fez se manter longe de Neymar, Suárez e dos demais, quando isso seria o natural?

O jornal espanhol “Marca” descobriu, e mostrou. Messi estava com a torcida.

Enquanto todos correram atrás de Sergi Roberto, a “Pulga” correu para a arquibancada atrás do gol defendido pelo PSG.

Saltou na mureta e, por 30 longos segundos, vibrou junto com os torcedores do Barça. Efusivamente.

Gritava. Mexia os braços como um maluco. Pegou uma peça de vestuário (um boné, talvez?) oferecida por um fã e continuou a transbordar a emoção. Jogou a peça de volta (uma camisa, talvez?). Berrou mais. Bateu no peito seguidamente, com força.

Nem parecia aquele Messi de sempre que ao comemorar seus gols, por mais belos e importantes que sejam, festeja via de regra com alta dose de comedimento.

Enfim, com a adrenalina não mais a 100%, mas a 99%, recuou e decidiu ir até Sergi Roberto e companhia para dar-lhes um merecido abraço.

Não sem antes ganhar, ele próprio, um abração de um torcedor que conseguiu invadir o campo – sendo rapidamente e bruscamente afastado da cena por um segurança.

Messi então despediu-se da torcida azul e grená e correu para a lateral. Pegou o chamado “fim de festa”: a dispersão já tinha ocorrido.

Nada que o denigra, nada que gere críticas.

O argentino, autêntico, fez a opção que seu coração indicou. Sabia, provavelmente inconscientemente, que dentro de poucos minutos poderia declamar ao herói Sergi Roberto seus melhores elogios.

Naquela hora de euforia extrema, quis estar nos braços do povo. Nos braços daquela gente que grita seu nome, que o incentiva, que o idolatra, que o respeita e que o ama há mais de uma década.

São poucos os jogadores que sabem o inestimável valor que os torcedores dão ao ídolo que lhes oferece atenção – e nem precisa ser muita. Messi, conscientemente ou não, soube.

E os felizardos que puderam vê-lo a menos de um metro, e os mais felizardos que puderam tocá-lo, terão na memória muito mais que um jogo histórico: uma imagem que vale por uma vida.

Em tempo: Messi, aso 29 anos, tem negociado há alguns meses a renovação de seu contrato, que expira na metade de 2018, com o Barcelona. Depois dessa partida épica e de seu momento de apaixonada loucura, aposto que estenderá sua permanência na Catalunha, sua casa desde o ano 2000. Não demorará para o Barça anunciar que o cinco vezes melhor do mundo permanecerá por mais uns três anos pelo menos. 

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