Sem desconfiar que a batata já assava na sede do FBI, nos EUA, o então presidente da FPF, Marco Polo Del Nero, passou o ano de 2014 portando-se como adolescente, rodeado de garotas religiosas, alguma “dor de cabeça”, mas muito dinheiro (sem origem) para gastar.
Preparava-se para uma vida ainda mais nababesca em 2015, ano em que assumiria a presidência da CBF, fonte inesgotável de recursos, quase sempre, obscuros.
Há dois dias, ao lado de Marin e outros semelhantes, hospedado em luxuoso hotel na Suiça, a vida mudou.
Com a prisão do “parceiro”, ex-presidente da CBF, acusado por diversos atos de corrupção, e a indicação, ainda implícita, de seu nome, como beneficiário de propina em relatório da Justiça americana, Del Nero entrou em parafuso.
De suas entranhas ressurgiu a verdadeira personalidade.
A mesma que levou-o, anos atrás, a trair a confiança do então companheiro, Eduardo Farah, na FPF, e, mais recentemente, a grampear dirigentes de Federações e até a namorada curvilínea.
Nem mesmo entre os mais rastejantes, a atitude, pelas costas, de retirar o nome de José Maria Marin, um dia após a prisão, do prédio da CBF, apesar de merecida, seria tolerada.
Del Nero mostrou seu lado sujo, inconfiável, lamentável.
Ontem, temeroso, como um rato que abandona o navio, o presidente da CBF “fugiu” da Suiça, um dia antes das eleições da FIFA, a razão oficial de sua viagem.
Ao chegar no Brasil, porém, além de ter o FBI no encalço (o Brasil não terá coragem de se opor à possível prisão), enfrentará uma dura CPI, comandada pelo Senador Romário, ávido por fazer seu gol mais relevante na política.
O mundo de Del Nero e Marin desabou, em apenas 48 horas, para que o futebol brasileiro, combalido há décadas, vítima de todos os tipos de larápios, pudesse, enfim, ter alguma esperança de ressurreição.
Ainda é pouco, mas, sem dúvida, alentador.