Agora há pouco, pelas mídias sociais, o ex-diretor financeiro do Corinthians, Raul Corrêa da Silva, indiciado, na gestão anterior, por crime fiscal cometido no exercício do cargo alvinegro, desandou a mentir e dissimular, no intuíto de dissociar-se do caos financeiro instaurado no clube, fruto, evidente, de suas condutas como dirigente.
Foram elencados 14 itens de “explicações”, que serão comentados, nas linhas abaixo.
Raul diz:
“(…) sai da gestão há mais de 90 dias, portanto, não tenho dados atuais, que de qualquer forma não mudam a análise.”
Não é verdade. Corrêa sabe bem quais são os dados, que alteraram-se para redução de despesas e a desesperadora busca de empréstimos para cobrir outros empréstimos, em operações quase intermináveis de pagamentos de juros sobre juros, ocasionadas por decisões financeiras que tiveram aval, e assinatura, de sua gestão.
“(..) o corinthians desde outubro de 2007, não atrasou um único dia seus salários.”
É mentira
“(..) direito de imagem no corinthians não é salário disfarçado. Só tem quem podemos explorar a imagem.”
É mentira. Em todos os clubes do Brasil, inclusive no Corinthians, “direitos de imagem” são pagamentos de salários disfarçados, na verdade, metodologia utilizada para burlar, deliberadamente, o fisco. Ação, aliás, que Corrêa conhece bem.
“(…) quem tem direitos de imagem pendentes – Ralf, Renato Augusto, Elias, Sheik, Guerrero e Jadson.”
É meia-verdade. Alexandre Pato e outros atletas, que o Corinthians paga salários para jogar em adversários, estão em situação semelhante, Estranho, também, Raul saber exatamente quem não recebe salários, em contradição com o discurso de “90 dias fora da gestão”… “Não sei de nada”, etc.
“(…) o corinthians não tirou recursos do dia a dia para entrar no refis, foi feita a renovação de um contrato de longo prazo que antecipou o recurso necessário.”
É mentira. O Corinthians tomou empréstimo milionário (mais de R$ 20 milhões) para dar entrada no procedimento de parcelamento, que somente existiu porque a gestão da qual Corrêa assinava os balanços cometeu crime fiscal, ou seja, não pagava devidamente os impostos. Os valores, com Refis, mais do que quintuplicaram. O clube somente se movimentou para pagar a pendência após ser flagrado em ilícito e também para livrar quatro dirigentes da cadeia.
“(…) o aperto financeiro atual é fruto de investimento pela diretoria de futebol, de cerca de 120 milhões em dois anos.”
É meia verdade. O caos financeiro, de fato, foi gerado por negócios no Departamento de Futebol, mas não apenas há dois anos, como diz o ex-diretor financeiro. Desde 2007, quando Andres Sanches e sua “quadrilha” de festa junina assumiu a gestão no Parque São Jorge, os desmandos, negociatas e desvios de conduta são praxe no departamento. Basta verificar os “relatórios de sustentabilidade”, livros de ficção assinados por Corrêa, em que ajudou a fajutar despesas e entradas de dinheiro, mas, somente após ser chutado da gestão, decidiu (na parte que não lhe comprometia) escancarar.
(…) fora o item acima, o país está em crise desde junho de 2013, o que nos tem prejudicado em vender omoplata, manga e calção.”
É meia verdade. Desde as negociações que modificaram o pagamento de direitos televisivos, o Corinthians é o clube que mais arrecada no Brasil. A falta de dinheiro se dá por má-administração. Seja no gastos do futebol, quanto também na gestão financeira.
“(…) toda a receita da bilheteria esta canalizada no fundo para pagar o empréstimo da Caixa/BNDES.
É cara de pau. Reclamar do acordo firmado para a construção do estádio do “Fielzão” após sair da gestão, sendo que, enquanto dirigente, mesmo com as evidência de negociação lesiva ao clube, o defendia, demonstra bem os hábitos e flexibilidade moral do ex-dirigente.
“(…) o orçamento do Corinthians, que está no site desde dezembro, demonstra a necessidade de alienação de direitos econômicos de atletas, o que não ocorreu.”
É demonstração de incompetência explícita. Para Raul Corrêa da Silva, manter a ‘solução” de fatiar atletas com empresários (que trata, em linguagem “bonitinha”, como “alienação de direitos”), uma das “soluções’ que levaram o Corinthians a não ser dono de seus jogadores, é o caminho a ser seguido. Os fatos (caso Marquinhos, etc.) mostram que trata-se de grave equívoco administrativo.
“(…) rolar a dívida através de empréstimos ou antecipação de contratos, é fundamental para fechar as contas. O momento do país é que atrapalha o crédito.”
É um escândalo de incompetência. Em vez de sugerir gastar menos do que arrecada, como prevê, acertadamente, a nova MP do Futebol, o ex-diretor financeiro alvinegro indica o aumento da “bola de neve”.
“(…) reduzir custos no futebol, não é como nas empresas, que se paga um mês de aviso prévio . No futebol precisa pagar 100% do contrato restante.”
É meia verdade. No futebol os contratos são firmados por duas partes (no caso do Corinthians, as vezes, por três, quatro, cinco…), por consequencia, as decisões necessitam da concordância de todos. Ou seja, se a rescisão prevê esse tipo de indenização é porque, de maneira equivocada, o clube deu aval. e o financeiro, evidentemente, aceitou.
“(…) como é difícil reduzir despesas, precisamos evitar que ela cresça. Por exemplo, neste ano foram contratados três reservas que juntos são quase 10% do orçamento. Nos últimos anos foram outros nomes. Isso arrebenta qualquer planejamento financeiro.”
Enfim Raul Corrêa da Silva fala a verdade. Mas, ainda assim, estranha o fato dela ter surgido, em seu pensamento, apenas após ter sido chutado da diretoria. Antes, desde 2007, não apenas deu aval, mas defendeu todos os procedimentos que agora critica publicamente.
(…) o que fazer? Não aumentar custo, tentar realizar alguma alienação e fazer gols. Perder um campeonato fácil como foi o paulista, perdemos prêmio de Campeão e receita de jogo final. Estamos falando de quase 10 milhões.”
“Fazer gols”. Jogar a culpa nos atletas, que não recebem há sete meses…
(…) não jogam graças a “lei Vampeta? Não acredito, são poucos que tem atrasos e com todos eles está sendo claramente conversado.”
Novamente Corrêa ataca os atletas, mente sobre os atrasos, entra em conflito com seu discurso de nada saber “por estar fora há 90 dias”, e, de tabela, expõe um ídolo do clube, Vampeta, talvez pelo fato deste nunca ter corroborado com a gestão da qual foi dirigente.