Mesmo convencido, pelas delações premiadas e farto material comprobatório, de que os crimes ligados ao esquema de desvio de dinheiro da Petrobras tem como beneficiários evidentes os chefes do Executivo brasileiro, o Procurador Geral da República não teve coragem de incluir em sua lista de investigados a presidente da República (que manda da petrolífera), seu antecessor, Lula, nem a diretoria executiva da estatal.
Porém, bastou a CPI da Petrobras escutar, ontem, o primeiro depoente, para que ficasse claro o organograma da Organização Criminosa.
O ex-gerente da empresa, Pedro Barusco, questionado tanto por deputados ligados ao Governo, quanto pelos de oposição, deixou claro que o sistema de propina sempre existiu, porém, somente após a entrada do PT no poder, através do ex-presidente Lula, deixou de ser algo “amador” (com beneficiados individuais) para se tornar um sistema de beneficiamento de partidos e políticos ligados ao projeto petista.
Ou seja, se antes os músicos tocavam cada qual sua melodia, o PT tratou de transformá-los numa harmoniosa “orquestra”, em que a regência cabia única e exclusivamente ao Executivo, que beneficiava os seus de acordo com a fidelidade.
Após esse depoimento, claro, citando datas, ocasiões e nomes de recebedores de propina (inclusive a quantia destinada à campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT)), além doutros que estão por vir, que dificilmente ocorrerão fora dessa linha, se a Procuradoria insistir em implicar no caso apenas os bonecos, mas não os ventríloquos, estará assinando um constrangedor atestado de incompetência (na melhor das hipóteses).
Uma desmoralização absoluta, que implicará em ligar o órgão (MP) ao Governo, à margem da isenção esperada pela população.