Eleições corinthianas: dinheiro do clube na campanha de Mario Gobbi

Realizamos minuciosa análise das despesas do Corinthians em suas nove partidas como mandante no primeiro turno do Brasileirão.

O resultado é absolutamente suspeito.

Dos R$ 5,3 milhões gastos, pelo menos R$ 1,5 milhão sequer foram justificados, lançados como “despesas diversas” ou “operacionais”.

O número só não é maior porque o clube disputou apenas seis das nove partidas no “Fielzão”, local em que, insolitamente, os gastos não apenas foram maiores, mas aumentavam de maneira surreal a cada partida.

No único jogo disputado no Pacaembu, pela 2ª rodada, contra o Flamengo, a renda atingiu R$ 1,5 milhão. porém a despesa foi de R$ 471,8 mil, destes R$ 60,7 sem comprovação.

Duas partidas aconteceram no Canindé, pela 6ª e 8ª rodadas, contra Atlético/PR e Cruzeiro.

No primeiro, renda de R$ 383,5 mil, despesas de R$ 264,4 mil, R$ 66,4 mil sem justificativa.

Contra o Cruzeiro, renda de R$ 546,4 mil, despesa de R$ 277,6 mil, sendo R$ 65,4 mil incomprovados.

Daí tivemos seis outros embates realizados no “Fielzão”, sem cobrança de aluguel, local em que, supostamente, as despesas deveriam ser menores.

Pois é, não apenas aumentaram, jogo a jogo, como, se comparados entre si, provocam muitas suspeitas.

Na 5ª rodada, contra o Figueirense, R$ 3 milhões foram arrecadados, com despesa de R$ 649,8 mil, sendo R$ 47,8 mil sem justificativa.

Depois, na 10ª rodada, contra o Inter, a renda foi de R$ 2,5 milhões, para despesas de R$ 702 mil, com R$ 139,8 mil sem comprovação.

Duas rodadas depois, contra o Palmeiras, a renda caiu, R$ R$ 2,2 milhão, a despesa aumentou, R$ 711,2 mil, e as despesas “operacionais”, sem comprovação, também: R$ R$ 140,9 mil.

Contra o Bahia, na 15ª rodada, as despesas não justificadas dobraram de valor, R$ 320,6 mil, quase a metade dos R$ 715,9 mil gastos de uma renda de R$ 2,1 milhão, menor, portanto, do que as anteriores.

Escandalosos também foram os gastos discriminados no jogo de menor público do “Fielzão”, contra o Goiás, com renda de R$ 1,4 milhão, porém com despesas injustificadas de R$ 347,7 mil dentro de gastros anunciados de R$ 664,1 mil.

Para finalizar o turno, o Corinthians resolveu bater um recorde de despesa sem comprovação, R$ 413,7 mil de R$ 848,7 mil gastos, dentro de uma renda anunciada de R$ 2.5 milhões, na partida em que enfrentou o Fluminense.

Levando-se em consideração que o dinheiro arrecadado pelo Timão no “Fielzão” não entra nos caixas alvinegros, existem algumas versões para as estranhas despesas – cada vez mais crescentes – não contabilizadas adequadamente no borderô das partidas.

Fala-se que o clube, deliberadamente, estaria “fajutando” as despesas, numa espécie de “Caixa 2”, evitando, assim, repassar todos os valores a BRL TRUST, dona do estádio, que, por contrato, teria direito a 100 % dos valores líquidos auferidos.

Seria uma maneira de enganar o “parceiro” e capitalizar um caixa que, segundo o presidente Mario Gobbi, está em situação deplorável.

Porém, em contrapartida, a prática, além de atrasar o pagamento do “Fielzão”, dá margem para que dirigentes possam, já que não há como comprovar as despesas, muito menos reclamar diferenças de valores, embolsar a bel prazer, e de seus aliados, quantias substanciais, que deveriam estar sendo pagas a BRL TRUST, ou, mesmo na “sacanagem”, entrar para os cofres alvinegros.

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