“Chegou num momento em que ou os clubes de uma maneira geral tomam uma atitude para ficar mais saudável o relacionamento com a torcida, ou as coisas podem tomar uma proporção que seria ruim para o futebol brasileiro.

A relação entre torcida organizada e clube não pode ser promíscua.

A torcida tem de andar com as próprias pernas.

Ela não pode ser sustentada pelo clube porque a partir do momento que ela é sustentada pelo clube fica complicado esse papel de criticar, de vaiar, e ela tem esse direito.”

O trecho acima, retirado da entrevista do presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, à FOLHA, retrata bem o pensamento daqueles que sabem bem que as “organizadas” existem ainda porque são sustentadas pelos clubes.

Nobre disse ainda que pretende se reunir com dirigentes de clubes para que possam se alinhar na maneira de lidar com as facções criminosas.

Pelo menos enquanto existirem, porque, sem a grana dos clubes, o fim de todas, para a alegria geral, será inevitável.

Porém o presidente palestrino, certamente, encontrará resistência entre os mandatários dos outros clubes.

Alguns por medo outros por pura conivência.

No Corinthians, o delegado Mario Gobbi tem, entre seus dirigentes principais, integrantes da facção Gaviões da Fiel, e morre de medo de enfrentá-los ou à entidade que representam.

Pelos lados do Morumbi, Juvenal Juvencio mantém a política de boa vizinhança com alguns grupos, na troca de blindagem em momentos difíceis da politica tricolor.

Na baixada, a atual gestão, que era atacada pelos criminosos da Torcida Jovem, entendeu que se juntar a eles era a melhor opção, e hoje também os financia.

O melhor caminho, sem dúvida, seria que todos se unissem, porém, a princípio, tudo indica, a luta de Nobre será solitária.

Contará apenas com apoio de setores não comprometidos da imprensa e, se souber aglutinar bem, quem sabe, da grande massa de palmeirenses “comuns”, que não suporta mais dividir espaço com a escória dos estádios.

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