Da FOLHA DE SÃO PAULO
Por TOSTÃO
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O supérfluo é essencial. É o que falta a Kaká: acrescentar à sua objetividade o enfeite, como Messi e Ronaldinho
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ALGUMAS DAS palavras mais utilizadas e antigas no mundo do futebol são objetivo e objetividade. Quando um time ganha, foi por ser mais objetivo. Quando perde, faltou objetividade. “Tudo é questão de objetivo -você pode ser o último dos mais rápidos ou o primeiro dos mais lentos.” (Millôr Fernandes)
Após a Copa de 1966, Nelson Rodrigues falou dos “idiotas da objetividade”, que babavam pela correria, pela marcação, pelos passes longos e pelo futebol objetivo dos ingleses, e criticavam duramente a falta de objetividade, o estilo cadenciado e de trocas de passes curtos dos brasileiros. Diziam que o nosso futebol estava ultrapassado.
Na Copa de 1970, apenas quatro anos depois, as coisas chegaram a seus devidos lugares. A seleção brasileira uniu o estilo habilidoso, técnico e de toque de bola com a disciplina, a organização tática e o preparo físico dos ingleses. O Brasil deu show e foi objetivo.
As críticas de Nelson Rodrigues são ainda mais atuais, no futebol e em qualquer atividade. A obsessão pela objetividade costuma retirar a poesia, o mistério e a beleza das coisas. Fica muito real.
Mesmo nos dois anos em que foi merecidamente eleito, duas vezes seguidas, o melhor do mundo, Ronaldinho era criticado por fazer muitas firulas e não ser objetivo.
Se a maioria dos gols do Barcelona saía de seus pés e de sua criatividade, como ele não era objetivo?
Ronaldinho jogava bonito e com objetividade. As firulas e seus lances inventados eram o adorno que embelezava seu talento.
Tentam hoje dizer o mesmo de Cristiano Ronaldo, por ele passar muito o pé por cima da bola e dar passes de calcanhar.
Na última temporada, Cristiano foi artilheiro, deu passes e cruzamentos decisivos, além de ser um dos quatro da linha de marcação do meio-campo. Ele marca, arma e faz gols. Isso não é ser objetivo?
Como Kaká se movimenta por todos os lados, não faz firula, dribla para a frente e não mais que o necessário, passou a ser o símbolo do futebol moderno e objetivo.
É verdade.
Mas Kaká seria ainda mais espetacular se acrescentasse à sua objetividade o enfeite, o futebol não-linear e inventado que tinha Ronaldinho anos atrás e que tem Messi hoje.
O supérfluo é essencial.
O artilheiro que não dá um único passe para o companheiro marcar nem se movimenta para confundir a defesa adversária é rotulado de objetivo, por fazer muitos gols.
Já o atacante que faz menos gols, mas que dá passes decisivos e que facilita para todo o ataque, é considerado menos objetivo. O passe decisivo é tão importante quanto a finalização e o gol.
Não ser objetivo é enrolar com a bola, demorar mil anos para decidir o que fazer, driblar e não sair do lugar e executar mal os fundamentos técnicos da posição.
Ser objetivo é saber enxergar o que se pode ver e imaginar e deduzir o que não se pode. As coisas não vistas e não faladas são as mais importantes, já que a vida se passa mais nas entrelinhas do que na objetividade.
Vou parar por aqui.
Certamente, alguém vai dizer, com ou sem razão, que não estou sendo claro nem objetivo.
Puta que pariu! Quando o blog resolve postar algo sobre futebol de verdade, não vem ninguém postar comentários! É a mais perfeita tradução daquilo que podemos chamar de “Falatório Boçal” ou verborragia exacerbada! Canalizam suas inteligências para ficar metendo o pau no clube alheio! Cambada de iletrados malditos! Falar mal dá mais ibope não é mesmo?! Acéfalos ignorantes! São criativos ao extremo quando o assunto é achincalhar agremiações que não a sua! É muito provável que nem um, apenas um filho de Deus entre nesse maravilhoso texto e comente algo! Kaká é a “reencarnação” de Johan Kruiff. Ele não é de firulas, joga sério e, com seriedade daquelas de trazer benefícios a todo o time. Pois assim , joga pros 11 e não pra ele mesmo!
Peraí, o Tostão fez uma critica ao Kaká pelo fato dele não ser firulento???
Jogador bom para ele deve ser o Denilson, Lenny e por ai vai…
Não vi Crüyff – salve o trema! – jogar, mas um 446 como o Kaká teria lugar no futebol em 1974, onde só doidões jogavam?
Tostão foi bem ao comparar o craque do miolo mole com Ronaldinho Gaúcho e Messi. Ronaldinho jogou mais bola do que Kaká conseguirá jogar; Messi, além de ser mais objetivo do que qualquer outro, também tem a genialidade de RG.
Os idiotas da objetividade acham que Hernanes é um gênio da bola, por exemplo.