Ontem (20), o CORI do Corinthians reuniu-se com a diretoria do clube para tomar ciência dos valores da renegociação da dívida com a CAIXA, oriunda de empréstimo para construção do estádio de Itaquera.
O acordo ainda não foi assinado.
Quase uma confissão, no mínimo, de irresponsabilidade.
Apesar do valor base da obra, inicialmente orçada em R$ 820 milhões, mas finalizada próximo do R$ 930 milhões, já ter sido abatido – pelo menos deveria ter ocorrido – com mais de R$ 700 milhões em CIDs (R$ 450 milhões iniciais e aportes anuais subsequentes), a pendência apresentada ao CORI foi de R$ 611 milhões.
Ou seja, quase um novo estádio.
A dívida confirma, quase com exatidão, a fatura cobrada pelo Arena Fundo, pouco superior a R$ 602 milhões, sem contar o calote de mais de R$ 50 milhões em repasses obrigatórios da arrecadação da Arena.
Desmente, com veemência, a própria diretoria do clube, que disse estar a conta praticamente quitada.
Além destes valores com a CAIXA, restam ainda mais R$ 200 milhões com a Odebrecht, o que indica quase ausência de pagamento do estádio, apesar do citado – e enorme – aporte de CIDs ao longo dos anos.
Como explicar?
Outro ponto: a ação judicial da CAIXA contra o Corinthians apontava dívida de R$ 536 milhões; agora, anos depois, está em R$ 611 milhões.
R$ 75 milhões de acréscimo somente em juros, o que dá a tônica do tamanho da irresponsabilidade de quem negava a pendência e agora teve que engoli-la em termos piores do que estavam na execução.
Com relação ao cronograma apresentado para quitação dos valores, as parcelas dos ‘naming-rights’ são apontadas como desafogadoras de R$ 15 milhões anuais – embora não existam comprovações dos pagamentos dos dois primeiros boletos -, restando R$ 18 milhões, a cada ano, para serem honrados.
Os pagamentos serão iniciados apenas em 2023, o que, por óbvio, acarretarão novas correções monetárias.
Ou seja, a atual gestão alvinegra empurrou o problema para as próximas.
De 2023 até 2025, nenhum valor devido sobre a obra do estádio será amortizado, somente os juros da operação.
Depois o clube terá, se não atrasar nenhuma parcela, que pagar, aproximadamente, R$ 33 milhões anuais (R$ 15 milhões de ‘naming-rights’ – se de fato forem quitados – e R$ 18 milhões de seu próprio caixa) ao banco credor, até o ano de 2041.
Nesse contexto, outro desafio.
Quando, durante todas as gestões alvinegras ao longo dos últimos quinze anos, sobraram R$ 18 milhões nos balanços do Corinthians?
Eis o ponto.
Como separar essa quantia, ainda que o Corinthians tivesse uma administração espetacular, e pagar, paralelamente, as dívidas atuais do clube, que beiram R$ 1 bilhão, mantendo, ainda, uma equipe competitiva de futebol?
Sem a diretoria responder, não apenas com palavras, mas com planejamento razoável para absorção de todas estas despesas/investimentos, além da obrigatoriedade de prestação de contas realmente transparente, qualquer aprovação desta operação seria tão irresponsável quanto a gestão, até o momento, deste, praticamente, novo estádio a ser pago pelo Timão.