Amanhã (04), em cerimônia restrita, por conta da pandemia, Duílio ‘do Bingo’ Monteiro Alves tomará posse como novo presidente do Corinthians.
Seus diretores também.
Comenta-se que o diretor jurídico será o advogado Herói Vicente, que, até outro dia, discursava oposição ao atual grupo gestor.
Será interessante para avaliar algumas questões.
Uma das mais relevantes é o relacionamento do clube com a Odebrecht.
O ex-presidente Andres Sanches assegurou, meses atrás, que o Corinthians havia chegado a acordo financeiro para quitação de milionária dívida com a construtora.
Nenhum documento, porém – se é que de fato existe alguma coisa, foi assinado.
Ou seja, o assunto, em tese, segue aberto a discussões.
Desde 2016, Herói Vicente prega, até com razão, seja pelas mídias sociais, em encontros com associados e conselheiros e, mais recentemente, em diversas ‘lives’, que o Corinthians não deveria fechar acordo, mas processar a Odebrecht.
A argumentação é a de que a empresa não entregou a totalidade das obras previstas em contrato e obrigou o clube, por diversos equívocos de procedimento, a se enfiar em prejuízo milionário através de empréstimos, etc.
Um pelo outro, talvez a construtora tivesse que pagar mais ao Corinthians do que o contrário.
Selecionamos três manifestações de Herói, no twitter, em anos distintos, que deixam claros os seus pensamentos sobre o assunto:
Em 26 de setembro de 2017:
“Segundo Comissão Corinthiana, Odebrecht deve R$ 240 milhões em obras não concluídas, com defeito, na Arena. E a Diretoria nada fez”
Em 25 de janeiro de 2019:
“A pauta bomba da última reunião (do Conselho Deliberativo) deverá obrigatoriamente ser votada. Afastamento do diretor envolvido na Lava-Jato e Ação contra a Odebrecht. Esse último item, o mais importante do ano”
Em 14 de setembro de 2020 (há pouco mais de três meses):
“Logo mais vem o ‘acordo’ com a Odebrecht (que aliás deveria ter sido colocada na Justiça há mais de 05 anos)
Não há margem a distorções.
Em assumindo a gestão jurídica do Corinthians, diante da inexistência de acordo previamente assinado com a construtora, Herói, se quiser manter a coerência do discurso, terá que processar a Odebrecht, exigindo indenização milionária aos cofres alvinegros.
Qualquer composição antes disso seria profundamente decepcionante.
Outra obrigação, também inserida nas pregações dos tempos oposicionistas, seria a exigência de investigação minuciosa, com pedido de acesso à documentação dos inquéritos da ‘lava-jato’, para saber quais cartolas do Corinthians se beneficiaram da construção do estádio, ainda que alguns deles, como especulado nos últimos dias, venham a ser seus parceiros na nova diretoria.