Em fevereiro de 2018, Andres Sanches foi eleito, novamente, para o cargo de presidente do Corinthians, apesar de ter conseguido apenas 30% dos votos.
Para assegurar a façanha, recebeu ajuda de Paulo Garcia, dono da Kalunga, que, em ‘jogada ensaiada’, lançou-se na disputa, dividindo os votos contrários.
Dias antes, porém, um episódio abalou o pleito alvinegro: Antonio Rachid, funcionário do empresário, foi flagrado, em conversa de whatsapp, comprando votos para o patrão.
Apesar do ‘jogo sujo’, Garcia foi mantido na disputa, emporcalhando a eleição.
O argumento para não eliminá-lo foi o envio do caso, pela Comissão Eleitoral, para a Comissão de Ética e Disciplina, sob desculpa de aprofundamento das investigações e posterior julgamento.
Desde então, nada aconteceu.
O conselheiro responsável pelo caso é o desembargador Ademir Benedito, que, na política alvinegra, é uma espécie de vassalo de Andres Sanches.
Apesar de, convenientemente paralisado, o processo pode ser retomado a qualquer tempo.
O que implica dizer que, por razões evidentes, a nova candidatura de Paulo Garcia à presidência do Corinthians está, de fato, nas mãos de Sanches.
Tudo indica que se houver novo acordo entre as partes, o magistrado permanecerá, por ordens de seu mentor, utilizando a documentação como almofada de cadeira; caso contrário, o julgamento entrará em pauta.
Em ocorrendo a segunda opção, muito provavelmente Garcia seria afastado da disputa.
À parte desse jogo político, desde já o Corinthians passa por novo constrangimento: há dias formou-se, por indicação do dono da Kalunga (que comanda a presidência do Conselho Deliberativo, à cargo do desfrutável Goulart), uma Comissão de conselheiros para reforma do atual estatuto do clube.
Entre os nomes indicados está o de Antonio Rachid.
Ou seja, um investigado por compra de votos, que pode ser condenado, dentro do clube, a qualquer momento, será um dos responsáveis por ditar novas regras ao alvinegro.
Trata-se, obviamente, de um escárnio.
A lama é o piso do Parque São Jorge e os que nela chafurdam apresentam-se, quase sempre, como senhores respeitáveis.
Em Tempo: outros denunciados foram enviados pela presidência da Comissão Eleitoral ao julgamento da Comissão de Ética e Disciplina, entre os quais André Negão, Caggiano e Eduardo ‘Gaguinho’ Ferreira (que pegou dinheiro do agente Carlos Leite), porém nenhum deles, até onde se sabe, será candidato à presidência do Corinthians
Ouça, para relembrar, o áudio em que Antonio Rachid compra votos para Paulo Garcia, dono da Kalunga, durante as eleições presidenciais do Corinthians, em 2018:
Há um enorme equívoco nesta matéria. Em momento algum a Comissão Eleitoral enviou o referido expediente para a Comissão de Ética e Disciplina, dando “desculpa” de que havia a necessidade de aprofundamento das investigações. A Comissão Eleitoral examinou documentos, áudio e declarações das pessoas envolvidas no fato e chegou a conclusão de que o aludido candidato deveria ser excluído do pleito eleitoral. A Comissão Eleitoral cumprindo com o seu dever estatutário, encaminhou parecer nesse sentido ao Presidente do Conselho Deliberativo que o acatou e declarou, por consequência, inelegível o referido candidato. Ocorre que este conseguiu uma medida liminar e acabou participando do pleito. Além disso, em face do aspecto disciplinar em relação ao comportamento do candidato e de outros conselheiros, diretor e funcionário, aí, sim, foram encaminhados outros expedientes para aquela Comissão para a devida apuração. Uma determinação e outra não se confundem, têm objetivos diferentes.