
Roberto Leal
Por ROBERTO VIEIRA
Os mares já não são lusos, Djalma, Brandãozinho e Botelho.
O amador já não se transforma na coisa amada no espelho.
Camões é fábula distante.
A Pessoa do Pessoa estátua errante.
Para turistas em busca de relíquias sagradas.
Amália se ouve nas casas de fado.
Parreirinha na Alfama.
O fado perde para o funk nas docas.
Vasco da Gama perde para os zaps na Sé.
Eusébio perde para o FIFA 20 e CR7.
O menino imigrante que vendia doces se foi.
Como se foram os donos de padarias.
Os portugueses de bigode e fidalguia.
Portugueses que transformaram o futebol brasileiro na década de 20.
Deixando jogar estrangeiros, negros, mulatos e analfabetos.
O menino imigrante que cantou batendo o pé.
Também deixa atrás de si o hino da musa do Canindé.
Hino singelo de outrora bela cidade.
O mundo, Infante, já não é de Lisboa.
Eça também já era.
Como Saramago e Leal.
Como pastéis de Belém desfeitos no Tejo à toa.
Entretanto, todos seguimos sendo uma casa portuguesa, com certeza.
Pois navegar é preciso.
Viver sempre será impreciso…