Celso Russomanno liderava as pesquisas de intenções de voto à Prefeitura de São Paulo, em 2012, até que, uma semana antes das eleições, Edir Macedo, julgando-se importante cabo eleitoral, tornou público o apoio que já existia, inclusive financeiramente, nos bastidores.

O desastre foi grande.

Russomanno perdeu votos que detinha de todas as outras facções evangélicas (seu nicho eleitoral) – que rivalizavam com a IURD, terminando em terceiro lugar após a abertura das urnas.

O “Diabo” entra em campo: Edir Macedo deu tiro de misericordia na campanha de Russomanno (IURD)

Ontem, o Diabo, parceiro habitual de Macedo, parece tê-lo tentando mais uma vez.

O líder da IURD, novamente uma semana antes do pleito, para ficar de bem com a população de São Paulo, maior vítima, no Brasil, de seus achaques religiosos, revelou apoio a Jair Bolsonaro, que, segundo pesquisas recentes, ainda lidera a corrida eleitoral, apesar da margem de erro sugerir empate técnico com o candidato do PT, Fernando Haddad.

Pelo menos no meio evangélico, as perdas serão inevitáveis.

Ontem mesmo, em debate na Record, o cabo Daciolo, representante de parte deste grupo, criticou a quem tratou como “falso profeta”, e foi seguido, em divulgações de mídias socais, por diversos “pastores” e demais líderes do setor.

Bolsonaro coloca em dilema, também, os apoiadores católicos de sua campanha, que sempre abominaram as práticas de Edir Macedo.

Quando um candidato baseia sua campanha com frases fortes de combate à corrupção e, ainda assim, recebe apoio explícito dos principais líderes de centrais de extorsões religiosas, gente que não dá ponto sem nó, faz-se necessário posicionamento de esclarecimento ao eleitor.

O que teria atraído para a campanha de Bolsonaro, sem objeção deste, golpistas que, em tese, deveriam ter por ele aversão ?

Se as previsões para a campanha de Bolsonaro, estacionada nos 28%, jã não eram boas, diante do crescimento do adversário (de 12% para 25%), com esta nova âncora no navio – mais pesada do que Guedes e Mourão, seus apoiadores precisarão reforçar os argumentos para minimizar a ligação com o líder da IURD, que tende a tomar-lhe votos em proporção maior do que os dízimos da parte menos esclarecida da população.

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