luizinho das arabias

Por JOSÉ RENATO SATIRO SANTIAGO

Luiz Alberto Duarte dos Santos nasceu em Petrópolis, no Rio de Janeiro em 13 de novembro de 1957. Ainda menino veio morar com a família no subúrbio carioca, onde passou grande parte do seu tempo batendo bola nas ruas.

Muito franzino se destacava nas peladas por ser “fominha”, aquela cara que queria ficar com a bola a maior parte do tempo. Tinha apenas 13 anos, quando foi convidado para ir treinar nas equipes infantis da Portuguesa Carioca.

A carreira parecia pouco promissora, o que fez com que entrasse na faculdade de Educação Física. Até que o ano de 1977 marcou um divisor de águas na vida de Luizinho. Promovido para o time principal, seria centroavante da equipe que disputaria o campeonato carioca daquele ano. O futebol passou a ser sua prioridade.

Luizinho tinha 1,80m de altura, era muito rápido e chutava muito forte, sobretudo com o pé esquerdo. Além disso, era muito oportunista. Foi destaque da pequena Portuguesa durante dois anos, chegando até mesmo a ser emprestado para disputar o campeonato brasileiro pelo Juventude de Caxias do Sul.

Em 1979, foi contratado pelo Flamengo, onde teve um começo fulminante. Logo ganhou a posição de Claudio Adão, até então titular absoluto, e passou a ser dono da camisa 9 rubro negra.

Até que veio o dia 6 de abril de 1979, talvez o maior jogo de toda a sua carreira. Naquele dia, quase 140.000 pessoas, incluindo o Presidente da República, João Baptista Figueiredo, estiveram presentes no estádio do Maracanã para assistir a partida em prol dos atingidos pelas fortes chuvas que caíram sobre Minas Gerais.

A partida entre Flamengo e Atlético Mineiro tinha algo ainda mais especial. Aos 39 anos de idade, Pelé atuaria com a camisa 10 da equipe carioca. Por conta disso, Zico ficou com a 9 e Luizinho, no banco de reservas. No entanto, algo muito especial estava guardado para ele naquele dia.

Após um primeiro tempo de domínio mineiro, o placar marcava 1 a 1. No segundo tempo, veio o grande momento, substituição no Flamengo: Saiu Pelé, Entrou Luizinho.

O centroavante entrou com fome de gol, e juntamente com Zico, comandou a goleada do rubro negro por 5 a 1, com direito a marcar um golaço, o quarto dos cariocas.

Luizinho estava no céu.

No Flamengo conquistou os dois títulos estaduais que foram disputados no Rio de Janeiro, naquele ano.

O mundo queria saber quem era aquele menino que entrou no lugar do Rei, e “acabou” com o jogo. Ao final do ano, foi contratado para jogar no futebol árabe, o Al Nassr. Algo reservado para pouquíssimos craques brasileiros naqueles tempos.

Foi uma decisão difícil, pois se ficasse no Brasil, certamente em breve seria convocado para a seleção nacional. Mas era muito dinheiro na jogada. Os donos do Al Nassr contavam com ele para enfrentar o grande rival, o Al Halil, que contava simplesmente com Roberto Rivellino.

Eles não se arrependeram, foi de Luizinho o gol do titulo nacional frente ao maior rival. Os árabes queriam mantê-lo de qualquer forma na equipe, mas a saudade foi maior, e ao final do contrato, Luizinho estava de volta ao Flamengo.

Desta vez, no entanto, foi impossível arrumar um espaço naquela equipe que acabara de conquistar o titulo brasileiro de 1980, e que contava com o centroavante Nunes em grande fase.

Castor de Andrade, patrono do Bangu, tratou de contratá-lo. Foi nesta época que, para diferenciar do centroavante Luizinho Lemos que jogava no América, o jornalista Washington Rodrigues passou a chamá-lo de Luizinho das Arábias.

Teve boas atuações no Bangu onde ficou até 1981, quando foi contratado pelo Campo Grande. Foi por esta modesta equipe, que conquistou o seu único título brasileiro, o da Série B de 1982. Sempre artilheiro, disputou a primeira divisão do brasileiro com a equipe que foi dirigida por um técnico estreante, Vanderlei Luxembugo.

Ao final do seu contrato, valorizado, foi contratado pelo Fortaleza, juntamente com seu ex- colega do Flamengo, o ponta esquerda Julio Cesar. No Ceará, Luizinho jogou demais, foi artilheiro do estadual com 33 gols e campeão cearense, ao marcar os dois gols da vitória, por 2 a 0 na final do campeonato frente o Ferroviário.

Em 1984, voltou ao futebol carioca, defendendo as cores do Bangu e posteriormente do Botafogo onde fez dupla de ataque com Baltazar. No ano seguinte, após rápida passagem pela Desportiva, do Espirito Santo, já estava de volta a Fortaleza, desta vez para defender as cores do Ferroviário. Nesta primeira passagem pelo Tubarão da Barra, Luizinho só não foi campeão, mas foi artilheiro do campeonato cearense com 24 gols e segundo maior do Brasil em 1985. Seria campeão estadual pelo clube em 1988, quando atuou por algumas partidas.

Antes disso, em 1987, foi decisivo para a conquista do estadual paraense jogando pelo Paysandu, com direito a gol do titulo na final do campeonato. Ídolo no Papão, onde disputou o estadual daquele ano, foi contratado pelo arquirrival, o Remo, para disputar o campeonato paraense de 1989. Acabou atuando por apenas 6 partidas. Sua ultima partida aconteceu em 3 de maio daquele ano, uma vitória por 4 a 0 frente o Tiradentes. Saiu do estádio, foi para casa e virou lenda com apenas 32 anos de idade.

Luizinho das Arábias foi um legitimo representante do futebol brasileiro, artilheiro por todos os lugares que passou, e ídolo por onde passou.

Caso queira ler sobre outros craques (dentre eles, Revetria, Sima, Bife, Rubens Feijão, Beijoca, Jacozinho e Rosemiro) que já foram personagens desta série, basta acessar o link: http://www.memoriafutebol.com.br/forum

*Próxima Semana: Bizu

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