pvc

Não é a primeira coluna que leio do jornalista PVC, como a que foi publicada hoje, na FOLHA, em que percebo o entusiasmo de sua defesa no assunto negociação entre clubes de futebol e grupos de empresários.

Prática, por sinal, banida pela FIFA desde o início do ano.

Diz, em síntese, dando como exemplo o Flamengo, que “devido a boa gestão do clube” a Doyen Sports resolveu trazer o atleta Marcelo, mesmo que sob a condição de revenda com valores e períodos definidos.

Não citar que um “espertalhão” como Renato Duprat, de MSI e UNICOR, está por trás da jogada, e que este, tempos atrás, foi flagrado depositando de maneira suspeita dinheiro na conta de V(W)anderlei(y) Luxemburgo, treinador do clube, é inadmissível.

O jornalista elogiou, noutras oportunidades, parcerias ou negócios semelhantes.

É uma análise rasa de um problema que deveria ser combatido pela imprensa, nunca exaltado.

Mesmo a FIFA, que não é exemplo de boa conduta, pressionada pelas mais diversas autoridades, entendeu que se desse guarida a esse tipo de negócio, estaria estimulando a evidente prática de lavagem de dinheiro, quando não doutros crimes.

O Corinthians, citado por PVC como outro “bom exemplo”, recentemente contratou atletas ligados ao narcotráfico, que, por razões óbvias, não são negócios a serem comemorados.

Três deles, o goleiro Renan, o atacante Luciano e agora o volante Jonas, intermediados por Marcos Santos, vulgo Mineiro, sócio da Plus Sports com o traficante Ângelo Canuto, o “Padrinho” no mundo do futebol, ou “Fusca”, apelido pelo qual é tratado na Polícia Federal, que o prendeu após envio flagrante de 30 toneladas de cocaína ao exterior pelo Porto de Santos, além do colombiano Stivem Mendoza, ligado ao Envigado, equipe local tratada pelo FBI como’marionete” dos cartéis.

PVC como jornalista tarimbado que é não pode desconhecer que os empresários de futebol somente sobrevivem porque dirigentes de clubes deles necessitam para embolsar suas comissões sem que sejam notados.

Na prática, recebem em suas contas, de maneira oficial, os valores pagos pelas agremiações, retornando, depois, a quantia “combinada” aos bolsos indevidos.

Ou não causa desconfiança a ninguém o ex-presidente do Corinthians, Andres Sanches, ter entrado no clube praticamente falido, com as empresas (muitas delas de fachada) e contas bloqueadas, e, mesmo sem receber salários, ter construído um patrimônio de causar inveja a muitos empresários de verdade ?

Basta verificar a evolução patrimonial doutros dirigentes de clubes para notar que todos, os que enriquecem sem comprovação, são ligados e fazem diversos negócios estranhos com “parceiros” obscuros do esporte.

Ao não denunciar o que provavelmente sabe, PVC exerce o direito de não entrar em pauta que, talvez, não tenha domínio, mas quando passa a exaltar o que deve ser, por razões óbvias, combatido, induz o púbico a acreditar que as práticas são corretas e benéficas às associações.

Não são e estão proibidas pela legislação.

Somente poderão ser exercidas, daqui por diante, com a conivência de dirigentes que pretendem manter os rendimentos, à margem da nova regulamentação, em burla de conduta dos próprios intermediários, que utilizarão de equipes laranjas para continuar no mercado.

Ação que deve, por sinal, ser denunciada pelo jornalismo brasileiro.

O jornalista PVC, de enorme credibilidade junto ao público, não deveria, até por isso, utilizá-la para tratar de assunto tão sério, e lesivo ao futebol mundial, de maneira tão simplória, como se as contas que faz como poucos em suas estatísticas das mais variadas partidas servissem para avaliar condutas claramente prejudiciais, quando não criminosas, aos caixas das mais variadas agremiações.

Facebook Comments