Corinthians: o irmão empresário, os jogadores na França e o candidato que agoniza
Não se sabe, por burrice ou descaso com o Corinthians, ontem, o empresário Fernando Garcia publicou, em seu Instagram, foto comprovando estar na França, com dois importantes atletas do clube.
O objetivo é negociá-los com o Olympique de Marseille.
Um deles, o atacante Malcom, mesmo sabedor de que o clube disputará uma difícil pré-Libertadores e está em vias de perder Guerrero.
O outro, um jogador da base, Matheus Pereira, o “Pirulão”, que de tão promissor vem sendo escondido de torneios importantes pelo Corinthians para evitar assédio de equipes europeias.
Guilherme Miranda, que também aparece na fotografia, é parceiro de Fernando, acusado pelo grupo DIS de “roubo” de atletas, em golpe de procurações.
É claro o ato lesivo – mais um – do conselheiro com o clube, agravado por ser irmão e sócio de Paulo Garcia, candidato à presidência alvinegra.
Falando nisso, não é crível que o dono da Kalunga, sócio de Fernando em diversas empresas, entre as quais a referida, além de, juntos, atuarem com atletas no Noroeste de Bauru – clube que, por sinal, abandonaram em estado falimentar – esteja fora das negociações recentes realizadas dentro do Corinthians.
PAULO GARCIA TENTA DEFENDER IRMÃO, MAS AGONIZA NA JOVEM PAN
Mesmo sabendo das práticas do irmão empresário, Fernando Garcia (da viagem à França, inclusive), em entrevista à rádio Jovem Pan, o dono da Kalunga, Paulo Garcia, como vem sendo praxe em sua campanha, se sentiu obrigado, novamente, a defende-lo.
“Bom, a relação minha com meu irmão é ótima, entendeu? Uma pessoa do bem…
“(…) mas começou (negócios) com ele fazendo empréstimo, num final de ano, para o Andrés (Sanches). O Andres não tinha dinheiro.
Ele (Andres) tinha um vice que era banqueiro, que ficou de avalizar (empréstimo) e depois não avalizou, ele tinha que fazer o pagamento para o clube e o Fernando emprestou dinheiro pra ele.
E ai ele (Fernando) acabou se envolvendo no negócio do futebol. Ele estava com meu pai, lá em Bauru, no Noroeste, desistiu disso também… pegou os jogadores, colocou no Santo André, colocou o Ralf no Barueri… Bruno Cesar no Santo André… O Edno e alguns outros jogadores no Corinthians… deu 50% para o clube, e depois nesse processo ele tem uma relação com o clube.
(*NOTA DO BLOG: Garcia, por razões óbvias, não cita Douglas Tanque, Otacilio Neto e outras sumidades que o irmão colocou no Parque São Jorge)
E deram pra ele, por livre e espontânea vontade… ele recebeu também… cinco jogadores da base…
“(…) agora, isso (as denúncias contra Fernando) é eleitoreiro só. Porque os outros 35, quem é o dono ? Carlos Leite…
Não estou querendo justificar um erro com o outro, tá certo?
O Carlos Leite tem o time do Corinthians, com exceção de três ou quatro do treinador e todos os outros. Eu não vejo ninguém falar sobre isso…
E tem um monte de situações, negócios mal feitos… agora, querem atingir exatamente a mim (com as denúncias). Isso eu tenho certeza absoluta.”
Paulo Garcia, como se observa no áudio e transcrição acima, continua batendo na tecla de que o irmão empresário foi uma espécie de “benemérito” do Corinthians.
Não é verdade.
Mas há uma maneira do candidato, mesmo que a contragosto, minimizar os acontecimentos.
Se, de fato, como diz o dono da Kalunga, Fernando Garcia emprestou dinheiro e aceitou os jogadores por “corinthianismo”, e não na ânsia de lucrar às custas do clube, basta vende-los pelo mais alto valor possível, e, do montante, retirar para si apenas o correspondente à referida “ajuda”, com as correções devidas.
Qualquer outra retirada, seja se juros, que configuraria agiotagem, ou de lucro sobre os jogadores, seria a ratificação da imoralidade, desmentindo o discurso de defesa de Garcia, demonstrando ainda que seu irmão, conselheiro do clube, atuou como agente de jogadores, não como corinthiano abnegado.


