Há um desconforto notório na imprensa porque emissoras, buscando mais audiência, estariam demitindo jornalistas para colocar ex-jogadores de futebol em seus lugares.
Privilegia-se, lamentavelmente, a fama em detrimento da qualidade, proporcionando aberrações como o programa “Donos da Bola”, da BAND, em que, além da evidente incapacidade do apresentador, há também suspeitas de venda de opiniões favoráveis a empresários de futebol, no intuíto de evidenciar seus agenciados.
Não temos opinião contrária a contratação de ex-profissionais do futebol, desde que seja feita de maneira justa, por qualificação.
Nomes como Tostão, Casagrande e Falcão, por exemplo, são inquestionáveis, e conquistaram seu espaço por meritocracia, sem ofender a inteligência do consumidor de informações.
Mas há muitos, que além de ocuparem espaço de gente nitidamente mais competente, ainda aproveitam-se disso para obter vantagens.
E, pior, são defendidos pelo órgão de classe que deveria exatamente brigar pela qualificação do meio, mas prefere bajular os que podem, de alguma maneira, perpetuar seus dirigentes no poder.
O apresentador Neto, por exemplo, vive denegrindo a profissão de jornalista, e, vez por outra, ainda ofende alguns profissionais, sem a coragem, porém, de citar seus nomes.
Procurada por alguns cronistas para que interceda nesses episódios, a ACEESP lava as mãos, finge que não é com ela, e ainda defende o jogador, frequentemente encontrado em churrascarias com o presidente da entidade, o soldado do “sistema”, Luis Ademar.
Não é à toa que as empresas, a cada dia, descumprem obrigações com seus profissionais, demitem sem critério, e contratam qualquer um para ocupar os lugares de gente boa de trabalho.
O jornalismo está jogado às traças, e o que prevalece é a audiência a qualquer custo, e os conchavos executados nos porões da indecência.
Enquanto isso a internet se transforma no Oasis para o público que, cansado de tanta sacanagem, procura se informar onde encontra um mínimo de qualidade e isenção.