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Por JOSE RENATO SATIRO SANTIAGO

Cheguei a Manaus em janeiro de 1980.

Com 9 anos, juntamente com meu três irmãos e meus pais, esta seria a cidade que passaria a fazer parte de nossa família desde então.

Meu pai trabalhava em uma multinacional de origem norte americana e fora transferido para lá.

Fanático por futebol eu teria como primeira “missão” escolher o time local para quem iria torcer.

Naqueles tempos o Nacional dominava plenamente o futebol local e também as páginas de todos os jornais.

Ao ler o caderno de esportes do jornal A Critica, no entanto, passei a acompanhar uma coluna que relatava histórias de todas as equipes, o Baú Velho.

Passou a ser minha leitura semanal dos domingos.

Além do Naça passei a gostar de Rio Negro, Fast Club, São Raimundo, Sul América, América e tantos outros.

O autor da coluna passou a ser a minha grande referência esportiva, seu nome, Carlos Zamith.

Na minha cabeça passara muitas coisas, sobre como seria aquele homem que sabia tanto sobre futebol.

Os anos passaram, voltei a São Paulo aos 16 anos.

Me formei, passei a trabalhar e apenas muitos anos depois, durante umas férias de final de ano em Manaus, li que a casa de “Seo” Zamith fora inundada.

Resolvi ir até lá então, seria o momento de conhecer um grande ídolo.

Consegui seu telefone e perguntei se poderia ir vê-lo.

Chegando lá, o avistei na frente de uma casa, em “seu escritório” em um banco em baixo de uma árvore.

Uma simpatia sem tamanho.

Uma simplicidade insuperável.

Uma doçura que poucas vezes encontrei em alguém.

Ficamos por horas conversando sobre futebol.

Deixei meu contato e falei que voltaria a vê-lo antes de partir para São Paulo

Passaram se alguns dias foi ele quem me ligou.

Tinha achado algumas revistas de futebol da década de 1940 e queria me presentear com elas.

Assim era Zamith.

Minha admiração por ele passou a não caber mais dentro de mim.

Durante alguns anos, passou a ser uma tradição para mim, sempre que fosse a Manaus, me encontrar com ele, sempre no “seu escritório”.

Foi lá que descobri por quais equipes torcia, o já extinto União Esportiva e a equipe da Estrela Solitária, o Botafogo.

Pouco de mais de um mês atrás liguei para ele, já sabia de seu estado de saúde, e pensei que não seria possível falar.

Que nada!

Embora com a voz frágil, batemos um papo de alguns minutos.

Sabia que seria o ultimo.

E foi…

Ontem, dia 27 de julho, Deus pediu que Zamith o levasse pessoalmente suas lembranças sobre futebol.

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