Por ALBERTO MURRAY NETO

Logo após os Jogos Olímpicos de Londres a patota do Comitê Olímpico Brasileiro deu uma entrevista em que glorificava a performance esportiva do Casaquistão, vencedor de seis medalhas de ouro.

Em 12 de agosto de 2.012 o repórter Bruno Freitas publicou uma matéria no UOL, em que um dirigente do nosso Comitê dizia que o modelo do Casaquistão deveria ser seguido e que investiriam em esportes individuais.

O nosso caro diretor do COB quer comparar o Brasil com o Casaquistão!

E, pior, importar o modelo deles para cá!.

O Casaquistão é um país pequeno, com população baixa e pouca diversidade racial, o que torna difícil criar bons atletas em diversas modalidades, sobretudo nas de esportes coletivos.

Daí resolveu investir, basicamente, em uma única modalidade, o levantamento de peso, em que são craques e de onde garimparam quatro medalhas em Londres 2.012.

Isso é o que o Casaquistão pode fazer.

O Brasil é um País de extensão territorial continental, com população enorme, diversidade de raças abundante, climas e regiões distintas, enfim, um manancial de onde podem surgir excelentes atletas, em várias modalidades.

Bastaria fazer as coisas corretamente.

Quando o COB diz que vai seguir o modelo do Casaquistão, está deixando claro que a intenção não é massificar o esporte para daí tirar a qualidade.

O COB quer é contar medalhas, uma visão tosca, mesquinha, limitada e burra do esporte.

Ou seja, na visão do nosso COB, vale pegar uma modalidade, injetar milhões e milhões de Reais (dinheiro público, claro), para conseguir ganhar algumas medalhas de ouro a mais e …. viva …. aparecer no quadro com mais ouros que o …. Casaquistão.

Mas o fato é que o COB, desde Londres, não fez uma coisa, nem outra.

Os esportes individuais permanecem sem maior incentivo, com o Levantamento de Peso, para citar o exemplo do próprio COB, lutando para reorganizar a sua Confederação.

E o Arthur Zanetti, astro de um esporte individual (aqueles que o COB disse que iria incentivar), campeão olímpico e mundial, querendo ir embora do Brasil, cheio que está das promessas não cumpridas dos políticos e da cartolagem.

O COB deveria saber que o Brasil, naturalmente, reúne as melhores condições para, em trabalho de longo prazo, criar equipes esportivas competitivas fortes, em quase todas as modalidades.

E que isso acontecerá naturalmente, no futuro, quando os maiores incentivos forem dados para a base, na escola, dando às crianças desse grande País acesso à prática do desporto.

E observar os destaques, de forma que possam ser incentivados e burilados, para chegarem em idade adulta podendo competir de igual para igual com as maiores potências (inclusive com o Casaquistão, no Levantamento de Peso).

Uma geração de bons atletas olímpicos se constrói em doze, dezesseis anos, depois que uma nação tem estruturada a sua política nacional de esportes, massificando a sua prática.

O COB não quer ou, pior ainda, não sabe disso.

A visão estreita do COB sobre esporte é limitada a contar medalhas.

Se é assim, então que acabem com todos os esportes e invistam om milhões e milhões de dinheiro público que recebem em uma, ou duas modalidades, somente.

E se ganharam dez medalhas de ouro estrão, finalmente, à frente do Casaquistão.

Que política esportiva é essa?

E o Aldo Rebelo?

Esse depois de Londres, saiu dizendo que o Brasil adotaria o modelo esportivo da Inglaterra.

Revejam entrevistas da época. Duvido que o Aldo Rebelo tenha ideia do sistema esportivo da Inglaterra.

De qualquer forma, não apenas não adotou o modelo inglês no Brasil, como não adotou coisa alguma.

O Brasil continua sem política de Estado para o esporte. E o curioso e que o Ministro entendedor de esportes, quando esteve neste mês na audiência pública na Câmara Federal, pediu que os Deputados integrantes da Comissão de Esportes da Casa enviassem ao seu ministério sugestões para a criação de uma política de esportes.

Esse Ministério de Esporte existe há muitos anos, há pelo menos nove está nas mãos do mesmo Partido e somente agora o Ministro Aldo Rebelo pede sugestões aos Deputados para criar o modelo esportivo brasileiro?

Ministro, que dizer que V. Exa. não tem modelo?

Além de vistoriar campos de futebol superfaturados, o que V. Exa. fez esse tempo todo no Ministério?

E seus antecessores, do seu e dos demais Partidos?

Não fizeram nada?

Para que servem os seus assessores?

Não tem V. Exa. um projeto nacional para o esporte do Brasil?!

É vergonhoso! É ultrajante! É a prova cabal, inafastável de que esse é um Ministério político, mero repassador de dinheiro, sem planos para a Pasta.

Ah, e já ia esquecendo.

Ontem o Ministro Aldo Rebelo assinou um acordo de cooperação desportiva entre o Brasil e o Azerbaijão, que fica lá perto do Casaquistão.

Enquanto piscinas fecham, pistas de atletismo são demolidas, velódromos destruídos, atletas desalojados e nossa estrela olímpica quer ir embora, o Ministério do Esporte assina um acordo de cooperação com o Azerbaijão.

Vamos combinar o seguinte: A patota do COB vai para o Casaquistão fazer um estágio de cem anos. E o Minstro Aldo e seus assessores para o Azerbaijão, pelo mesmo período. E que abram espaços para gente séria, inteligente e comprometida com uma política nacional de esportes voltada para a massificação.

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