Por Vladir Lemos

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Lembro como se fosse hoje o dia em que Ronaldinho Gaúcho entrou em campo vestindo a camisa da seleção brasileira no segundo tempo da partida contra a Venezuela. O cara já dava pistas de que seria um fora de série. Todo mundo queria ver o menino em campo. E não é que ele recebeu um passe, avançou pelo lado direito da área, fez uma firula com o pé puxando a bola que ficava pra trás e marcou um golaço? Chegou a parecer petulância do guri. De certa forma, aquele lance marcou o nascimento definitivo dele no glamourizado mundo do futebol.

Antes disso, tínhamos tido uma expectativa parecida com outro Ronaldo, o que viria a ser chamado de “fenômeno”, e pouco depois, teríamos uma expectativa parecida com relação a Alexandre Pato. A razão para que de tempos em tempos essa expectativa seja renovada é simples: Nada é capaz de fortalecer e movimentar tanto o futebol quanto o provável nascimento de um novo craque. E raridade é algo cortejado em qualquer mercado, sem falar que estamos cansados saber que os gramados estão cada vez mais repletos de cabeças-de-bagre.

Por isso, as transmissões e o universo da bola se especializaram em vender ilusões, em especial as desse tipo. E o pior é que os primeiros a acreditarem nelas são os próprios jogadores. Não vou citar nomes, não seria elegante, mas sei que você, torcedor, é capaz de montar rapidamente um time só com aqueles que “se acham”.

Aproveitem, podem convocar os que jogam aqui e os que jogam no exterior, afinal, ainda podemos gozar dessa liberdade, nossa vida não depende da FIFA, e muito menos dos clubes europeus. E digo mais, estejam atentos meus amigos, porque os homens da mídia aprimoraram ao máximo a técnica usada para esquentar notícias geradas por outros interesses. Já não lhes empolga tanto o jogo, interessa o espetáculo, que é no fundo um jogo com grande apelo.

E sem craques, só apelando. Vocês entendem o que eu quero dizer, né?

Quem paga milhões pelos direitos desse tipo de espetáculo, tenha certeza, fará o possível e o impossível para ter no elenco alguém que o ajude a vender essa que é a mãe de todas as ilusões.

E nesse outro jogo, sem nenhum “fair play”, vale duvidar da veia patriótica de Kaká, vale deixar sobre os ombros do Robinho toda a cobrança por um título que nenhum jogador brasileiro foi capaz de alcançar. Nem Romário, nem Zico, ninguém. Vale até combinar, esperar, exigir de Ronaldinho Gaúcho uma recuperação imediata. Vale transformar em vilões os clubes europeus, os mesmos que abarrotam os mal administrados times brasileiros de milhões de dólares.

E por falar em dinheiro, e se Ronaldinho decidisse ir até o banco tirar um extrato, e percebesse que já tem dinheiro suficiente para não fazer mais nada profissionalmente pelo resto da vida? Não teria o direito? Seria um exercício invejável de liberdade, mas os interessados de plantão, certamente o condenariam. Talvez, justamente por saber disso, faça questão de dizer que quer, sim, ir pra China.

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