Fiasco da ‘vaquinha’ dos Gaviões é termômetro da SAFIEL

Com pouco mais de R$ 41 milhões arrecadados — diante de uma meta de quase R$ 700 milhões — a “vaquinha” dos Gaviões da Fiel, criada para quitar a dívida do Corinthians com a Caixa pelo financiamento que possibilitou a construção da Arena de Itaquera, foi encerrada.
Tratava-se de um fracasso previsível.
A arrecadação, ainda assim relevante, só ocorreu graças à maciça divulgação midiática — inédita, nos termos apresentados — quando comparada a iniciativas semelhantes, igualmente malsucedidas, realizadas no passado.
Também contribuiu o fato de o dinheiro ser depositado diretamente na conta da instituição financeira.
Se os aportes fossem destinados aos próprios Gaviões ou mesmo ao Corinthians, poucos teriam coragem de fazer o PIX.
Há, ainda, um percentual repassado pela organizada à empresa parceira — sob a justificativa de operação do sistema — cuja prestação de contas segue inexistente, contribuindo para o desgaste da iniciativa.
A “vaquinha” serviu para que empresas e influenciadores alavancassem suas marcas ao figurarem na lista de doadores, transformando o Corinthians em vitrine para uma forma barata de autopromoção.
O episódio funciona como termômetro para a natimorta “SAFIEL”.
Os espertos por trás do projeto, em síntese, querem autorização do clube para captar recursos no mercado financeiro sem colocar um centavo na agremiação, tampouco oferecer garantias mínimas de investimento.
Falam em R$ 1,7 bilhão — valor muito inferior ao que uma SAF alvinegra efetivamente valeria.
A experiência da “vaquinha” demonstra o tamanho da inviabilidade.
Independentemente do êxito ou não da empreitada, os atores políticos que orbitam o projeto — entre eles uma ex-vereadora condenada por corrupção — seguem usando o tema para se manter em evidência, como falsos “salvadores da pátria”, distantes daquilo que fingem representar.
