Nas Olimpíadas das mulheres não podemos esquecer Aída dos Santos

As mulheres brasileiras são destaque nestes jogos Olímpicos da França, marcados, desde a abertura, pelo respeito à diversidade.
Ontem, amigo deste blog lembrou-nos de Aída dos Santos.
Tudo começou a partir dela, nos Jogos de 1964.
Aída superou diversos obstáculos, alguns inimagináveis na realidade atual, para a se tornar a primeira brasileira a disputar uma final olímpica.
Para homenageá-la, republicamos trabalho do Edarq – Arquivo Nacional.
O relato ainda impressiona.
Aída dos Santos
Do EDARQ
A atleta Aída dos Santos foi a única mulher, em toda a delegação brasileira, a participar dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964. Ela disputou as provas de salto em altura, 100 metros rasos e lançamento de dardo. Aída teve de superar preconceitos, racismo, machismo, pobreza e enormes obstáculos. Não recebeu uniforme e sapatilhas de prego para as competições, nem o material necessário para os treinos e roupa para a cerimônia de abertura. Foi desprezada pelos dirigentes brasileiros e participou das provas sem técnico, sem médico, sem tênis adequado e viajava sem intérprete. Para disputar a final recebeu auxílio do técnico peruano Roberto Abugatas e, durante as competições, chegou a ser atendida pelo médico da delegação cubana.
Mesmo com todas essas dificuldades e o tornozelo machucado, ela foi a primeira brasileira a participar de uma final olímpica, conquistando o 4° lugar no salto em altura, ao superar a marca de 1,74m, apenas dois centímetros a menos que a atleta que ganhou o bronze. Aída obteve outros resultados relevantes, foi campeã estadual, brasileira, sul-americana e pan-americana de salto em altura. No pentatlo, conquistou a medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, no Canadá, em 1967, e em Cali, na Colômbia, em 1971. Em 1968 participou de sua segunda Olimpíada, na Cidade do México, quando terminou em vigésimo lugar no pentatlo.
Aída dos Santos Menezes nasceu em 1° de março de 1937, em uma família pobre que morava no Morro do Arroz, em Niterói, Rio de Janeiro. Além de sua vitoriosa carreira no atletismo, Aída formou-se em Geografia, Educação Física e Pedagogia. Lecionou Educação Física na Universidade Federal Fluminense (UFF), de 1975 até se aposentar. Fundou o Instituto Aída dos Santos, que desenvolve ações que visam, por meio do esporte, promover a inclusão social e cidadania de crianças e adolescentes carentes. Em 2006, recebeu o Troféu Adhemar Ferreira da Silva no Prêmio Brasil Olímpico e, em 2009, foi agraciada com o Diploma Mundial Mulher e Esporte, uma premiação especial do Comitê Olímpico Internacional (COI). Em 2020, foi homenageada com um mural de 30 metros, com seu rosto pintado, marcando os 56 anos de sua participação nas Olimpíadas de Tóquio, feito pelo artista plástico Marcelo Lamarca, no Caminho Niemeyer, em Niterói. Em 2021, foi eternizada no Hall da Fama do Comitê Olímpico do Brasil.
