Detalhes do inquérito que indiciou conselheiro do Corinthians por racismo (com documentos)

Jaça e Mané da Carne

Manoel Ramos Evangelista, popular ‘Mané da Carne’, conselheiro histórico do Corinthians, foi indiciado pelo crime de racismo, supostamente cometido em reunião do Conselho Deliberativo, datada de 24 de abril de 2023.

A informação é do Globo Esporte.

Relatório foi enviado ao MP-SP na última quarta-feira (29).

As vítimas seriam os também conselheiros Marcio Moreira de Oliveira e Luiz Ricardo Alves.

Tivemos acesso à íntegra do inquérito (documentos, depoimentos, etc) que contém detalhes importantes, ainda não noticiados.

Abaixo, a ficha de indiciamento:

Oito conselheiros testemunharam contra Mané, no 52º DP de Parque São Jorge, afirmando terem escutado a frase “cala a boca Neguinho’:

  • Luiz Ricardo Alves (vítima);
  • Claudinei Alves;
  • Valmir Costa;
  • Rubens Gomes (Rubão);
  • Carla Baldoni;
  • Rozallah Santoro;
  • Marcelo Mariano (Marcelinho);
  • Ronaldo Tomé

Apesar de ter formalizado Boletim de Ocorrência, uma das vítimas, Marcio Moreira Alves, em depoimento, disse que não ouviu a ofensa, afirmando, também, desinteresse em prosseguir com o inquérito:

Em defesa de Mané, testemunharam:

  • Jacinto Antônio Ribeiro (Jaça);
  • Gilmar Aparecido Iglesias Abrami

Os conselheiros disseram não terem escutado as manifestações raciais.

Desqualificaram, ainda, os depoimentos das demais testemunhas, sob a argumentação de ataque político (todos eram correligionários de Augusto Melo, que viria a concorrer, nas eleições alvinegras, contra André Negão, apoiado por Mané).

Em 15 de março de 2024, Mané da Carne, em depoimento, socorreu-se do direito de permanecer calado e falar apenas em juízo.

Saiu da delegacia indiciado.

Aos autos foram juntados alguns documentos.

Em Ata de reunião do Conselho Deliberativo do Corinthians, não consta, na taquigrafia, a ofensa racial.

Somente Luiz Ricardo Alves assinou, na condição de vítima, Representação enviada a Alexandre Husni, então presidente do Conselho Deliberativo, e André Negão, à época presidindo a Comissão de Ética e Disciplina do Corinthians, pedindo punição a Mané da Carne.

Até o momento o caso não foi solucionado.

Neste documento, 24 conselheiros são apontados como testemunhas:

Analu Tomé, Carla Baldoni, Claudinei Alves, Edson Di Cresce, Fábio Luiz da Silva, Fabrício Vicentim, Felipe Moreno, José Humberto Simplício da Silva, José Maria da Silva, Valmir Costa, José Victor Tarabay, Laércio Ferreira Victória, Marcelo Arone Garcia, Marcel Mariano (Marcelinho), Paulo Roberto Bastos Pedro, Paulo Roberto Carrera, Renato Samuel Nogueira, Renato Campiteli Rodrigues, Ronaldo Tomé, Rozallah Santoro, Rubens Gomes (Rubão), Susy Miranda, Ubiratan Mendonça Junior e Wagner Mohallem.

Juntada ao inquérito, foi enviada ao MP-SP a folha de antecedentes de Mané da Carne, em que constam:

  • Inquérito por homicídio culposo, nº 139/71, Delegacia de Itaquaquecetuba (arquivado); sem indicação do nome da vítima;
  • Inquérito por estelionato, nº 3/1977, Delegacia de Ferraz de Vasconcelos; situação: Absolvido; vítima: Ind. e Com. de Carnes Cleusmar;
  • Ação 1009165-49.2017.8.26.0005, em segredo de justiça; Situação: queixa rejeitada.

Em aceitando as alegações do relatório policial, o MP-SP denunciará Mané da Carne como réu pelo crime de racismo.

A pena é de dois a cinco anos de reclusão, além de pagamento de multa.

Há movimentação no Corinthians, com a nova composição da Comissão de Ética, para que Mané seja expulso do clube antes do final do ano, não apenas por conta deste caso, mas também por reiterados ataques misóginos a associadas alvinegras.


Em tempo: Manoel Ramos Evangelista responde a ação criminal promovida pela primeira dama, Janja Lula, a quem tratou como ‘putana’

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